domingo, 23 de setembro de 2007

A idade de casar

Que texto mais perfeito é este, minha gente...

O amor pode surgir de repente, em qualquer etapa da vida, é o que todos os livros, filmes, novelas, crônicas e poemas nos fazem crer. É a pura verdade. O amor não marca hora, surge quando menos se espera. No entanto, a sociedade cobra que todos, homens e mulheres, definam seus pares por volta dos 25 e 30 anos. É a chamada idade de casar. Faça uma enquete: A maioria das pessoas casam dentro dessa faixa etária, o que de certo modo é uma vitória, se lembrarmos que antigamente casava-se antes dos 18. Porém, não deixa de ser suspeito que tanta gente tenha encontrado o verdadeiro amor na mesma época. O grande amor pode surgir aos 15 anos. Um sentimento forte, irracional, com chances de durar pra sempre. Mas aos 15 ainda estamos estudando. Não somos independentes, não podemos alugar um imóvel, dirigir um carro, viajar sem o consentimento dos pais. Aos 15 somos inexperientes, imaturos, temos muito o que aprender. Resultado: esse grande amor poderá ser vivido com pressa e sem dedicação, e terminar pela urgência de se querer viver outros amores que o futuro nos reserva.

O grande amor pode, por outro lado, surgir sóóoo aos 50 anos. Você aguardará por ele? Aos 50 você espera já ter feito todas as escolhas, ter viajado pelo mundo e conhecido toda espécie de gente, ter uma carreira sedimentada e histórias pra contar. Aos 50 você terá mais passado do que futuro, terá mais bagagem de vida do que sonhos de adolescente. Resultado: o grande amor poderá encontrá-lo casado e cheio de filhos, e você, acomodado, terá pouca disposição para assumi-lo e começar tudo de novo. Entre os 25 anos e 30 anos, o namorado ou namorada que estiver no posto pode virar nosso grande amor por questão de conveniência. É a idade que cansamos de pular de galho em galho e começamos a considerar a hipótese de formar uma família. É quando começamos a ganhar um salário mais decente e nosso organismo está em ponto de bala para gerar filhos. É quando nossos pais costumam cobrar genros, noras e netos.

Uma marcação cerrada que nos torna mais tolerantes com os candidatos a cônjuge e que nos faz usar a razão quanto a emoção. Alguns têm a sorte de encontrar seu grande amor no momento adequado. Outros resistem as pressões sociais e não trocam seu grande amor por outros planos, vivem o que há de ser vivido, não importa se cedo ou tarde demais. Mas grande parte da populção dança conforme a música. Um pequeno amor, surgido entre 25 e 30 anos, tem tudo para virar um grande amor. Um grande amor, surgido em outras faixas etárias, tem tudo para virar uma fantasia.

Martha Medeiros - Trem-Bala
Junho de 1998

Um comentário:

Liloca disse...

Passeando por aqui sinto que estou no quintal de minha casa da infância, onde o perfume do maracujá misturado com ar quente do chão molhado, me convidam a pular corda cada vez mais alto...
Tinha que ser a casa de minha vizinha/amiga/predileta:Camila,a Deusa.
Valeu,garota!!!