quinta-feira, 27 de setembro de 2007

eu também não entendo.

Um pouco de Clarice Lispector para animar a tarde:

"Será que as coisas simples hoje são recebidas de maneira complicada? Sob o peso dos séculos de racionalismo, não se pode mais simplesmente abrir uma porta e olhar?"

e ainda...

"Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entendimento. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma bênção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo."

Clarice Lispector

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