sexta-feira, 28 de setembro de 2007

meu - e de mais ninguém.

49,90 na Siciliano. Finalmente tenho em mãos um digníssimo exemplar de Grande Sertão Veredas, de Guimarães Rosa (edição comemorativa com o livreto de frases e imagens da exposição dele em SP). Meu, apenas meu. Pretendo ler aos poucos, sem pressa, degustando cada pedacinho dele.

Só uma crítica: a maldita caixa vermelha é justa demais. Ainda não pude pegar o livro e ler porque não consegui tirá-lo da caixa. Mas tudo bem, em outro momento, com calma e vagar, farei o processo. Estudarei a caixa com calma - será que preciso acionar algum botão? rsrsrs

Interessou? Quem sabe eu empreste, depois que ler. Apenas para quem merece, claro.

Esta sensação maravilhosa de ter o que se quer há algum tempo me faz lembrar Clarice. Desculpe a repetição, mas só ela mesmo pra dizer isso aqui:

"Chegando em casa, não conseguia ler. Fingia que não o tinha, só para depois ter o susto de o ter. Horas depois abri-o, li algumas linhas maravilhosas, fechei-o de novo, fui passear pela casa, adiei mais ainda indo comer pão com manteiga, fingi que não sabia onde guardara o livro, e achava-o, abria-o por alguns instantes. Criava as mais falsas dificuldades para aquela coisa clandestina que era a felicidade. A felicidade sempre iria ser clandestina para mim. Parece que eu já pressentia. Como demorei! Eu vivia no ar... Havia orgulho e pudor em mim. Eu era uma rainha delicada. Às vezes sentava-me na rede, balançando-me com o livro aberto no colo, sem tocá-lo, em êxtase puríssimo. Não era mais uma menina com um livro: era uma mulher com seu amante".

Clarice Lispector

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

eu também não entendo.

Um pouco de Clarice Lispector para animar a tarde:

"Será que as coisas simples hoje são recebidas de maneira complicada? Sob o peso dos séculos de racionalismo, não se pode mais simplesmente abrir uma porta e olhar?"

e ainda...

"Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entendimento. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma bênção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo."

Clarice Lispector

ah, a barba

A antropóloga Miriam Goldenberg, autora do livro Infiel, Notas de uma Antropóloga, fala em entrevista à Revista TPM:

Uma coisa que me irrita é essa conversa sobre “falta de homem no mercado”. Você não acha que isso é a maior mentira?
Olha, é uma mentira para você, que foge desse clichê e não se coloca dentro de um mercado, como algo que está ali para ser vendido. Quem se coloca no mercado, procura um bom partido, vai ver que existe mais mulher que homem, sim. Mas, é claro, se colocar em um mercado de relacionamentos não é tão legal. E quem se dá bem com isso são os homens, que acham que podem ter todas as mulheres do mundo para esco­lher. Mas quem se coloca de fora do mercado percebe claramente que não falta homem.

Concordo em termos. Pode não faltar homem, mas falta sensibilidade, inteligência, papo bom, charme e estilo nos homens existentes. Nem falo de beleza, mas são poucos aqueles que chamam a atenção, de verdade. Falo por mim, obviamente, e pelas minhas amigas, que concordam em gênero, número e grau comigo. A coisa tá braba, mesmo. Ainda bem que a gente chegou numa fase em que passamos razoavelmente bem sem eles. Não, não morreremos por causa disso. Ainda que muitas vezes só mesmo uma boa barba e uma voz grave no ouvido possa nos deixar felizes e satisfeitas. Por que há momentos em que os amigos gays não bastam, os amigos machos também não, muito menos as amigas. A gente quer mesmo um encontro com um bom representante do sexo oposto. Mas não pode ser qualquer um, não. Tem que ser "o cara". E este cara está muito difícil de encontrar. Muito, mesmo.

E quando você acha que encontrou, a vida mostra que não, que não é bem assim. E haja esperança e coragem para voltar à vida e continuar, seguir em frente, passar pelo período "fechada pra balanço" e ter vontade de tentar de novo.

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

bom, muito bom.

Fabricio Carpinejar é poeta e jornalista. Dos bons. Assim como Clarice Lispector e outros igualmente fora-de-série, faz poesia até quando não quer.

Selecionei alguns trechos belíssimos de uma antiga entrevista concedida à revista Época, para o jornalista Luis Antonio Giron:

"Perder-se é uma maneira de fazer novos caminhos e quebrar a rotina. Ninguém acha um atalho sem se perder antes".

"O poema é um cinema primitivo. Todo verso é uma montagem, permitindo a visualização das cenas, emprestando o que foi vivido aos personagens e tomando emprestado os que personagens sonharam para impulsionar as vivências".

"O ódio é a pior solidão porque elimina todas as outras formas benéficas de solidão. O ódio é isolamento".

"Eu quero a contradição. Procuro da música apenas o assobio, o início da melodia. Daí que meus poemas se assemelham a ferroadas da consciência mais do que a harmonia confortável do mel. Eu falo com a instabilidade de quem xinga, sussurra, sopra, dá conselhos, assim como é a vida. Não há como manter o mesmo tom toda hora (ou quem estiver do outro lado já estará cochilando). Melhor oscilar do que ser monótono".

"Eu sou apaixonado por textos que interrogam, não que dão certezas ou fórmulas. Textos que permitem a gente se duvidar um pouco mais do que o necessário, enlouquecer um pouco mais do que a dosagem normal, vibrar um pouco mais do que o permitido por lei. Depois que somos educados, passamos toda a vida aprendendo a nos reprimir. A poesia é essa libertação. Falar olhando nos olhos. Encarar com sinceridade o que podemos ser. Por que esperar o fim da relação para dizer a verdade? Por que esperar uma doença para ser sincero? Por que esperar alguém partir para descobrir o desejo? Poesia é a urgência, quando não temos nada a perder. É quando apostamos em um único lance o que acreditamos".

Gostou? Eu também.

Mais dele aqui: http://www.fabriciocarpinejar.blogger.com.br/

via Embratel

Correspondência
Ana C. César

My dear,
(...)
Depois que desliguei o telefone me arrependi de ter ligado, porque a emoção esfriou com a voz real. Ao pedir a ligação, meu coração queimava. E quando a gente falou era tão assim, você vendo TV e eu perto de bananas, tão sem estilo (como nas cartas). Você não acha que a distância e a correspondência alimentam uma aura (um reflexo verde na lagoa no meio do bosque)?

terça-feira, 25 de setembro de 2007

caminhos

Há a lei universal que desconhecemos e que faz as coisas acontecerem.
Há o livre arbítrio - que nos faz escolher este ou aquele caminho.
E há a força descomunal que só aparece quando atingimos o limite, e nos faz seguir em frente - e mudar a rota, se preciso.

3 elementos que unem e separam "uma vida" da "outra vida".

Rabiscado numa madrugada em que o sono foi artigo de luxo. Mesmo.

domingo, 23 de setembro de 2007

take it easy... and love.

"O meu mundo não é como o dos outros,
quero demais, exijo demais,
há em mim uma sede de infinito,
uma angústia constante
que nem eu mesma compreendo,
pois estou longe de ser uma pessimista;
sou antes uma exaltada,
com uma alma intensa,
violenta, atormentada,
uma alma que não se sente bem onde está,
que tem saudade... sei lá de quê!"

[Florbela Espanca]


Eu sempre achei que as pessoas que amavam demais, que se entregavam em excesso sem saber como nem onde, eram as mais felizes. Assim como a Florbela se descreveu acima. Hoje eu tenho as minhas dúvidas. Continuo achando que é necessária uma dose de entrega, amor e paixão em tudo que fazemos, afinal apatia, covardia e desprezo são sentimentos para fracos, e nós não somos assim. Mas hoje penso que é mais adequado, sensato e saudável buscar um equilíbrio nas relações, antes de se jogar de cabeça. Não se entregar demais sabendo que o chão é frágil e pode ruir a qualquer momento. Por quê? Para que e para quem? O que buscamos no outro que na verdade está em nós? Porque criar expectativas tão elevadas? Por que se entregar de corpo, alma e coração a uma relação fadada ao fracasso?

Não, eu ainda não tenho as respostas, mas pelo menos já sei as perguntas. Agradeço a quem veio e me mostrou o caminho. Houve sofrimento e dor? Bastante. Mas também houve crescimento, maturidade emocional, autoconhecimento e mais. Este foi o melhor lado de tudo que ficou. Porque muita coisa ficou.

A idade de casar

Que texto mais perfeito é este, minha gente...

O amor pode surgir de repente, em qualquer etapa da vida, é o que todos os livros, filmes, novelas, crônicas e poemas nos fazem crer. É a pura verdade. O amor não marca hora, surge quando menos se espera. No entanto, a sociedade cobra que todos, homens e mulheres, definam seus pares por volta dos 25 e 30 anos. É a chamada idade de casar. Faça uma enquete: A maioria das pessoas casam dentro dessa faixa etária, o que de certo modo é uma vitória, se lembrarmos que antigamente casava-se antes dos 18. Porém, não deixa de ser suspeito que tanta gente tenha encontrado o verdadeiro amor na mesma época. O grande amor pode surgir aos 15 anos. Um sentimento forte, irracional, com chances de durar pra sempre. Mas aos 15 ainda estamos estudando. Não somos independentes, não podemos alugar um imóvel, dirigir um carro, viajar sem o consentimento dos pais. Aos 15 somos inexperientes, imaturos, temos muito o que aprender. Resultado: esse grande amor poderá ser vivido com pressa e sem dedicação, e terminar pela urgência de se querer viver outros amores que o futuro nos reserva.

O grande amor pode, por outro lado, surgir sóóoo aos 50 anos. Você aguardará por ele? Aos 50 você espera já ter feito todas as escolhas, ter viajado pelo mundo e conhecido toda espécie de gente, ter uma carreira sedimentada e histórias pra contar. Aos 50 você terá mais passado do que futuro, terá mais bagagem de vida do que sonhos de adolescente. Resultado: o grande amor poderá encontrá-lo casado e cheio de filhos, e você, acomodado, terá pouca disposição para assumi-lo e começar tudo de novo. Entre os 25 anos e 30 anos, o namorado ou namorada que estiver no posto pode virar nosso grande amor por questão de conveniência. É a idade que cansamos de pular de galho em galho e começamos a considerar a hipótese de formar uma família. É quando começamos a ganhar um salário mais decente e nosso organismo está em ponto de bala para gerar filhos. É quando nossos pais costumam cobrar genros, noras e netos.

Uma marcação cerrada que nos torna mais tolerantes com os candidatos a cônjuge e que nos faz usar a razão quanto a emoção. Alguns têm a sorte de encontrar seu grande amor no momento adequado. Outros resistem as pressões sociais e não trocam seu grande amor por outros planos, vivem o que há de ser vivido, não importa se cedo ou tarde demais. Mas grande parte da populção dança conforme a música. Um pequeno amor, surgido entre 25 e 30 anos, tem tudo para virar um grande amor. Um grande amor, surgido em outras faixas etárias, tem tudo para virar uma fantasia.

Martha Medeiros - Trem-Bala
Junho de 1998

it hurts, baby

Sábado, 22 de setembro, um salão de beleza qualquer. Eu fazendo as unhas com a Lídia e o cabelo com a Sabrina. Dia de princesa, de vez em quando acontece. rs

Lídia: Ah Sabrina, desse jeito você acaba comigo.
Sabrina: O que foi, mulher?
Lídia: Esse ar quente aqui "ni mim" vai estragar a minha pele de pêssego.

[risos abafados pelo barulho do secador]

Eu, pensando: Você acaba de usar duas expressões proibidas, Lídia. Não faz isso não. Ainda dói.

***

Fala Caio, fala:

¨Vai passar, tu sabes que vai passar. Talvez não amanhã, mas dentro de uma semana, um mês ou dois, quem sabe? O verão está aí, haverá sol quase todos os dias, e sempre resta essa coisa chamada¨impulso vital¨. Pois esse impulso às vezes cruel, porque não permite que nenhuma dor insista por muito tempo, te empurrará quem sabe para o sol, para o mar, para uma nova estrada qualquer e, de repente, no meio de uma frase ou de um movimento te surpreenderás pensando algo assim como ¨estou contente outra vez¨...

[Caio Fernando Abreu]

sábado, 22 de setembro de 2007

só quem teve sabe...

“Pele é uma coisa misteriosa. A pessoa é educada, inteligente, doce, tem um papo legal, mas não tem, digamos, “aquela coisa”. É a pele, o cheiro, sabe-se lá o quê, mas que fascina, que só de chegar perto a gente fica agitada, só de sentir o cheiro o corpo fica pedindo, só de encostar… Essa história de que se aprende a amar pode até ser… Mas jamais conheci ninguém que aprendeu a sentir tesão. O ar fica tomado. O corpo fica pedindo o toque, as mãos.

Gosto também é misterioso. Gosto de beijo é inconfundível. Você beija e o mais gostoso é a língua? Bobagem. O mais gostoso é o gosto. Aquele gosto que você conhece. Aquele gosto de quem sabe que o tesão está tomando o ar. Às vezes a gente precisa mesmo de pele. Noutras, é só a alma que precisa de cuidados. Mas o bacana mesmo, “o amor que vinga”, como dizia minha avó, é o que consegue exigir que a alma precise sempre da pele. Sempre.”

Raquel Lemos, no Livro da Tribo

Saramago na telona

Saiu na Folha de São Paulo de quinta:

Meirelles promete um "Ensaio sobre a cegueira" feminista

da France Presse, em Montevidéu

O diretor brasileiro Fernando Meirelles disse que sua admiração pela atriz americana Julianne Moore foi o ponto de partida da escolha do elenco de "Ensaio sobre a cegueira" ("Blindness"), que está tendo algumas cenas essa semana rodadas em Montevidéu. Segundo Meirelles, o longa será permeado por uma forte carga psicológica e feminista.

"Sou um grande fã de Julianne e achei que ela seria perfeita para o papel. Ela foi minha primeira escolha e depois comecei a pensar no resto do elenco", contou hoje Meirelles ao jornal "El Observador".

"Blindness" é a adaptação cinematográfica do livro "Ensaio sobre a cegueira", do escritor premiado pelo Nobel de literatura José Saramago. O filme também terá em seu elenco os atores Danny Gloover e Mark Ruffalo, a brasileira Alice Braga, o mexicano Gael García Bernal, os canadenses Sandra Oh e Maury Chakin e os japoneses Yusuke Yseja e Yoshino Kimura.

"Queria contar com pessoas bastante diferentes, então tenho aqui uma combinação muito variada que inclui latinos, orientais e negros", apontou o diretor, que reconheceu a existência de semelhanças entre essa nova produção e o filme "Cidade de Deus", dirigido por ele em 2002, pelas mudanças sociais apresentadas nas duas películas.

"Existe componentes político e sociológico em "Blindness", mas há também importantes componentes psicológicos e filosóficos, e acredito que também é um filme feminista", descreve o diretor.

A respeito da presença de outras grandes estrelas, como Ruffalo e Gloover, Meirelles afirma: "realmente são grandes atores e a cada dia, ao terminar de filmar, eu fico surpreendido".

O brasileiro diz ainda que Ruffalo - que interpreta o papel de um médico - "é muito humilde" enquanto Moore - que faz a esposa do doutor - é "incrível e muito focada".

"Acredito que o filme será comovente graças a eles", adicionou.

Meirelles diz que vai ter "muito medo" de mostrar o filme para José Saramago, porque "ele é muito intimidante e vou ter que ser bastante corajoso ao mostrar o filme", brinca.

As filmagens de "Ensaio sobre a cegueira", com o roteiro do canadense de Don McKellas, continuam na semana que vêm em São Paulo e sua estréia está prevista para o segundo semestre de 2008.

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Edgar Morin

Eu gosto MUITO de literatura, especialmente poesia. Sempre gostei de ler mas amor, amor mesmo pela leitura surgiu apenas no ano passado, através do orkut e de uma grande amiga. Lu, obrigada, sempre.

Desde o momento que descobri que tem gente muito boa escrevendo coisas belas e simples por aí, e como é bom ler, se identificar, perceber novas formas de dizer o que já foi dito, eu entrei num processo altamente viciante de ir em busca dos poetas - clássicos e contemporâneos. Conheço pouco, mas neste período reuni algumas coisas muito bacanas, que aos poucos irei colocando aqui.

Nesta trajetória poética e deliciosa, descobri Edgar Morin. Considerado um dos pensadores mais importantes do século XX, nasceu em Paris em 1921, é sociólogo e filosófo. Autor das obras "Cultura de massas no século XX", a qual divaga sobre a felicidade, o amor e o feminismo, e "Para sair do século XX".

Confira alguns excertos maravilhosos dos escritos de Morin:

"Eu não deixei de ser caminhante. Minha vida foi e continua a ser uma vida em movimento, errante, em meandros, impulsionada por minhas aspirações múltiplas e antagônicas. Obedeci continuamente a meus demônios, mas acontecimentos e acasos trouxeram descontinuidades, levando-me aonde não sabia que devia ir, mas aonde eu reencontrava meus demônios. Continua a ir de um meio a outro, a circular na sociedade, nas sociedades, recusando-me a me deixar encerrar na casta (principalmente intelectual). Fui fiel à ‘concepção sintética de vida’.(...) Foi o caminho, não que eu tracei para mim, mas que minha caminhada traçou: Caminante no hay caminno, el camino se hace al andar".

(In "Meus demônios.")

"Originalmente, a palavra Método significava marcha. Aqui, é preciso aceitar o caminhar sem caminho, o fazer o caminho andando. Aquilo que Machado dizia: Caminante no hay camino, se hace camino al andar. O método só pode formar-se durante a pesquisa; ele só pode desembaraçar-se e formular-se depois, no momento em que o termo se torna um novo ponto de partida, desta vez dotado de método. Nietzsche o sabia: ‘Os métodos vêm no final’ (Anti-Cristo).(...)"
(In "La Méthode (t.1) La Nature de la Nature"; trad: Nurimar Falci)

"Quinta-feira, 11 de agosto 1994. Dificuldade em encontrar o equilíbrio para reformular o meu capítulo "Caminante". Há pouco e muito de coisas íntimas. O pouco: tudo é fraco, superficial. O muito: falo do que não devo (a minha vida amorosa). Fim de tarde, a fórmula não foi encontrada."
(In "Uma ano Sísifo. Diário de fim de século. Publicações Europa-América. Lisboa, 1998.")
(In "Meus Demônios").

Curtiu? Então entra aqui: edgarmorin.sescsp.org.br/

açaí, guaraná... e mais.

Este blog preza a vida saudável. Como estou em época de evento e trabalhando muuuito mais do que gostaria - e uma dose extra de energia é sempre bem-vinda, achei estas dicas e compartilho...

Energéticos mentais instantâneos

Quando necessitar de uma rápida carga de energia, tente uma destas técnicas. Você se sentirá mais alerta e concentrado.

1 Beba uma xícara de chá de hortelã para se refrescar e reanimar a mente. Estudos no Japão apontaram que a hortelã pode estimular a função cerebral, aumentando a concentração e o desempenho mental.

2 Experimente os florais de Bach para concentrar a mente. O clematis é recomendado para os que têm tendência a sonhar acordados; o white chestnut, para preocupações constantes; o wild rose para a apatia e o olive, para a exaustão física. Acrescente duas gotas do floral num copo com água e beba durante o dia, quando sentir necessidade.

3 Saia da mesa ou da poltrona e caminhe em ritmo acelerado durante cinco minutos para melhorar a circulação e retomar os processos mentais com mais energia.

4 Para estimular a mente cansada, faça uma massagem na própria cabeça. Esfregue o couro cabeludo ligeiramente, depois bata a ponta dos dedos ao redor da cabeça. Passe os dedos pelo cabelo, jogando fora todos os pensamentos desagradáveis.

5 Coma um punhado de castanhas-do-pará, ótima fonte de magnésio, que revigora e ajuda a desanuviar a mente confusa. Elas também contêm selênio, um antioxidante mineral.

6 Visualize uma cor que o deixe animado. Laranja é próprio para eliminar a letargia ou o cansaço. Sente-se ou deite-se confortavelmente, feche os olhos e imagine a cor penetrando pelos dedos das mãos e dos pés e envolvendo todas as partes do corpo enquanto você inspira profundamente. Faça uma pausa e sinta o corpo formigar e se aquecer. Expire e imagine a cor desanuviando junto com a respiração, liberando todos os bloqueios mentais. Abra os olhos e sinta-se despertar.

7 Sinta o aroma de um óleo essencial que viajará em segundos pelo sistema límbico até o cérebro, na parte associada ao humor e à emoção. Escolha a bergamota para reanimar, a erva-cidreira para a falta de ânimo, a laranja para melhorar o humor e a rosa para aumentar a prontidão; ou crie uma mistura de óleos. Acrescente cinco gotas de óleo essencial a 10 ml de óleo de amêndoas e coloque num vaporizador, ou pingue o óleo num lenço e inale quando necessário.

8 Absorva a energia de seu chacra coronário, visto como um dos locais mais importantes de concentração de energia, de acordo com a filosofia aiurvédica. Visualize uma esfera de luz pulsando e girando acima da sua cabeça. Inspire a energia alguns momentos, absorvendo a capacidade de aumentar o poder cerebral, que promove abertura da mente e combate o cinismo. Se estiver sozinho, tente dizer "iiii" durante esse processo para ajudar a reequilibrar este chacra.

9 As posições de ioga conhecidas como invertidas enviam um suprimento de sangue "novo" ao cérebro com efeitos revigorantes. Os principiantes devem tentar o halasana (o arado). Alunos de ioga mais avançados podem optar pelo salamba sirsasana (parada de cabeça), que exige mais habilidade.

10 Massageie pontos-chave para canalizar a energia e estimular a circulação do qi ou energia vital. Para aliviar a dor na cabeça e no rosto causada por estresse mental, pressione a área em que seus polegares e indicadores, direito e esquerdo, encontram-se. Mantenha a posição por cinco minutos, depois solte.

Extraído do livro "Fontes de Energia", da Publifolha.

hoje e agora

Pedro Juan Gutierrez é daqueles caras que não permitem meio termo: ou você ama o que ele escreve, ou odeia. Cubano, vive em Havana e já fez de tudo um pouco nesta vida: de vendedor de sorvete a cortador de cana, locutor de rádio a instrutor de natação e caiaque. Mas o que ele faz melhor mesmo é viver intensamente, e depois traduzir isso para o papel. É autor de sete livros de ficção, mais outros de poesia e contos. Eu gosto das coisas que ele escreve, mas ele não está no meu TOP 10.

No entanto, é muito bacana quando você está passando por um momento e descobre que alguém já conseguiu descrever isso de uma forma muito mais bela e simples do que você poderia imaginar. Sim, por que as emoções estão aí e são universais. É tudo sentimento, expectativa, (des) ilusão, amor, paixão, carência e tudo mais. Mudam os personagens, mas o processo de sentir, este deve ser bem semelhante a maioria das pessoas, suponho.

Tudo isso para este pequeno trecho, que traduz muito do que estou vivendo hoje:

(...) “Simplesmente viver. Sem pressões. Talvez com algum dia feliz. E reduzir as angústias. Isso é imprescindível: reduzir as angústias. Quem sabe seja só uma questão de mudar de ponto de vista. É preciso estar plenamente presente onde a gente se encontra, e não escapar sempre.”
[Pedro Juan Gutierrez, IN Trilogia Suja de Havana]


É isso que eu busco agora: "estar plenamente presente onde a gente se encontra". Quero viver o HOJE. O momento presente. Aproveitar cada minuto intensamente. Sem criar expectativas sobre o futuro, sem lamentar o passado. Apenas vivendo, e tentando fazê-lo da melhor forma possível: com muito bom humor, trabalho, diversão, amigos queridos e outras coisinhas prazerosas.

Luxo = tempo livre

Saiu no Blue Bus outro dia. Interessante a visão que os mais afortunados têm de luxo.

Luxo é ter tempo livre para fazer o que quiser, vc concorda?

O que é luxo para você? Pesquisa realizada com 1,800 consumidores ricos de países tao diferentes quanto EUA, China, França, Itália, Alemanha, Japao e Reino Unido, fez uma descoberta surpreendente. Para esse povo, luxo mesmo é ter tempo suficiente para fazer tudo o que der na cabeça e ser capaz de bancar isso. Em outras palavras, poder ficar de papo pro ar, ir naquela exposiçao de arte, botar os filmes em dia, sair com os amigos, brincar com os filhos, viajar e ir ao shopping sem se preocupar em ganhar dinheiro para o sustento. Depois de tempo livre, o que mais proporciona satisfaçao e felicidade a esses endinheirados globais sao, pela ordem, novas experiências de vida, conforto, beleza e, finalmente, ter tudo do bom e do melhor.

Para eles, usar computadores pessoais, navegar na Internet e usar o celular sao atividades corriqueiras, assim como viajar para outros países. Quando o assunto sao compras, os mais ricos do planeta preferem antiguidades, objetos de arte, uma casa para passar férias em alguma bela cidade, jóias sofisticadas, instrumentos musicais e bons vinhos.

Faz sentido, nessa sociedade estressada em que vivemos, que tempo e ócio sejam sinônimos de luxo para tanta gente. E outro ponto interessante é o destaque que experiências, sejam gastronômicas, artísticas, turísticas ou educativas, ganharam nos últimos anos. A ostentaçao de objetos capazes de traduzir poder e exclusividade vem somente depois dessas experiências. Se pesquisa idêntica fosse realizada no Brasil, entretanto, acredito que a aquisiçao de objetos caros estaria no topo das prioridades. Afinal, ricos emergentes, muito comuns em nosso país, têm maior necessidade de alardear sua condiçao privilegiada, do que aqueles que sempre possuíram muito dinheiro no banco ;- )

24/08 Luiz Alberto Marinho

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Belos e simples, fugazes e breves - todos nós

"Não pense que eu ando atrás só de "belas coisas simples". Eu quero qualquer coisa, desconexa, contraditória, insegura, não tem importância, desde que seja sua. As definições redondas e grandiloqüentes, as coisas categóricas e acabadas não me satisfazem, porque eu não sou assim".

Maury Gurgel Valente em carta para a então namorada, Clarice Lispector

Trecho extraído do Livro de cartas dela, Correspondências. Até escrevendo banalidades a moça arrepia. Muito bom. Aliás, vê-se que o ato de escrever bem é contagioso nesta família, porque a maioria das pessoas que escrevem para ela o fazem lindamente também.

Belas Coisas Simples - Esta expressão me cativou desde a primeira vez que li e é ela que dá nome a este blog, que pretende reunir excertos do cotidiano, poesias, devaneios vários sobre relacionamentos, a vida, cinema, literatura, música e outros quetais. Amores, amigos e conhecidos, fiquem tranquilos: a identidade de todos será preservada, obviamente.