quarta-feira, 26 de setembro de 2007

bom, muito bom.

Fabricio Carpinejar é poeta e jornalista. Dos bons. Assim como Clarice Lispector e outros igualmente fora-de-série, faz poesia até quando não quer.

Selecionei alguns trechos belíssimos de uma antiga entrevista concedida à revista Época, para o jornalista Luis Antonio Giron:

"Perder-se é uma maneira de fazer novos caminhos e quebrar a rotina. Ninguém acha um atalho sem se perder antes".

"O poema é um cinema primitivo. Todo verso é uma montagem, permitindo a visualização das cenas, emprestando o que foi vivido aos personagens e tomando emprestado os que personagens sonharam para impulsionar as vivências".

"O ódio é a pior solidão porque elimina todas as outras formas benéficas de solidão. O ódio é isolamento".

"Eu quero a contradição. Procuro da música apenas o assobio, o início da melodia. Daí que meus poemas se assemelham a ferroadas da consciência mais do que a harmonia confortável do mel. Eu falo com a instabilidade de quem xinga, sussurra, sopra, dá conselhos, assim como é a vida. Não há como manter o mesmo tom toda hora (ou quem estiver do outro lado já estará cochilando). Melhor oscilar do que ser monótono".

"Eu sou apaixonado por textos que interrogam, não que dão certezas ou fórmulas. Textos que permitem a gente se duvidar um pouco mais do que o necessário, enlouquecer um pouco mais do que a dosagem normal, vibrar um pouco mais do que o permitido por lei. Depois que somos educados, passamos toda a vida aprendendo a nos reprimir. A poesia é essa libertação. Falar olhando nos olhos. Encarar com sinceridade o que podemos ser. Por que esperar o fim da relação para dizer a verdade? Por que esperar uma doença para ser sincero? Por que esperar alguém partir para descobrir o desejo? Poesia é a urgência, quando não temos nada a perder. É quando apostamos em um único lance o que acreditamos".

Gostou? Eu também.

Mais dele aqui: http://www.fabriciocarpinejar.blogger.com.br/

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