sexta-feira, 28 de setembro de 2007

meu - e de mais ninguém.

49,90 na Siciliano. Finalmente tenho em mãos um digníssimo exemplar de Grande Sertão Veredas, de Guimarães Rosa (edição comemorativa com o livreto de frases e imagens da exposição dele em SP). Meu, apenas meu. Pretendo ler aos poucos, sem pressa, degustando cada pedacinho dele.

Só uma crítica: a maldita caixa vermelha é justa demais. Ainda não pude pegar o livro e ler porque não consegui tirá-lo da caixa. Mas tudo bem, em outro momento, com calma e vagar, farei o processo. Estudarei a caixa com calma - será que preciso acionar algum botão? rsrsrs

Interessou? Quem sabe eu empreste, depois que ler. Apenas para quem merece, claro.

Esta sensação maravilhosa de ter o que se quer há algum tempo me faz lembrar Clarice. Desculpe a repetição, mas só ela mesmo pra dizer isso aqui:

"Chegando em casa, não conseguia ler. Fingia que não o tinha, só para depois ter o susto de o ter. Horas depois abri-o, li algumas linhas maravilhosas, fechei-o de novo, fui passear pela casa, adiei mais ainda indo comer pão com manteiga, fingi que não sabia onde guardara o livro, e achava-o, abria-o por alguns instantes. Criava as mais falsas dificuldades para aquela coisa clandestina que era a felicidade. A felicidade sempre iria ser clandestina para mim. Parece que eu já pressentia. Como demorei! Eu vivia no ar... Havia orgulho e pudor em mim. Eu era uma rainha delicada. Às vezes sentava-me na rede, balançando-me com o livro aberto no colo, sem tocá-lo, em êxtase puríssimo. Não era mais uma menina com um livro: era uma mulher com seu amante".

Clarice Lispector

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