domingo, 29 de junho de 2008

a verdade possível

Eu acredito que preservar algum mistério é necessário. A partir do momento que se sabe TUDO da outra pessoa, o que fica para ser desvendado? Eu amo ser surpreendida, gosto de ligações inesperadas, comemorações fora de época e gosto muito da idéia de que algo ainda precisa ser dito. Afinal, estamos constantemente nos descobrindo, renovando e mudando. Nada nem ninguém é imutável, igual o tempo inteiro. Ainda bem.


JOGO DA VERDADE
A verdade é um labirinto.

Se digo a verdade inteira,
se digo tudo o que penso,
se digo com todas as letras,
com todos os pingos nos is,
seria um deus-nos-acuda,
entraria um sudoeste
pela janela da sala.
Então eu digo
a verdade possível,
e o resto guardo
a sete chaves
no meu cofre de silêncios.

[Roseana Murray]

quarta-feira, 25 de junho de 2008

sem ele, desculpa mas não dá.

"Descobri que é chegada a hora de acrescentarmos ao tempo e ao espaço mais uma dimensão fundamental à vida: o tesão. Porém, não me refiro ao tesão do Aurélio, mas sim ao do Caetano, por exemplo. Para mim esse tesão não habita dicionários oficiais; entretanto, é o que anima e encanta os poetas tropicais. Tesão sem passado, apenas contemporâneo e vertical, ele é produto semântico e romântico dos que sentem desejo pelo desejo, alegria pela alegria e beleza pela beleza. Mas pode ainda ser tesão de quem sente desejo pela alegria, beleza pelo desejo e alegria pela beleza".

Roberto Freire

"Eu só falei de amor em toda a minha vida, nos 25 livros que publiquei, mas não tenho a menor explicação para ele [o amor]", disse Roberto à Folha. Autor de romances como "Cleo e Daniel" (1966) ou do ensaio "Sem Tesão Não Há Solução" (1990), obras que invocam o amor libertário, revolucionário. Poeta e terapeuta, Roberto Freire faleceu no dia 23/05/2008, aos 81 anos, em SP.

Fonte: jornal Folha de S. Paulo

terça-feira, 24 de junho de 2008

meio silêncio

É tempo de meio silêncio,
de boca gelada e suspiro,
de palavra indireta, aviso na esquina.
Tempo de cinco sentidos num só.
(Carlos Drummond de Andrade)


Águas de vidro à luz doentia da madrugada. Um vidro verde e fino refletindo longe o tremor das luzes da cidade. Aproxima lento o próprio dedo da ponta acesa do cigarro até senti-lo retrair-se num afastamento involuntário. O rosto do outro também parece feito de vidro. Um vidro ainda mais frágil que o da madrugada. Tem a impressão que se sair caminhando o ar irá quebrar-se em ruídos e estilhaços. A lua está tão bonita que dói por dentro, fala. Depois retrai-se como o dedo não queimado. Sempre o medo de chegar perto demais, de não poder voltar atrás, pensa, e solta devagar a fumaça pelas narinas.
Quer ouvir música? meus dedos avançam até o rádio. Um gesto e três palavras para encher o silêncio. Que de tão repleto não cabe em si mesmo. Mas ele diz não. Sua resposta me enche de uma brusca vergonha. Como se tivesse descido mais fundo do que eu, dispensando as facilidades que também são fuga. A luz da lua bate nas pedras, elas brilham feito mil luas brancas, mil luas ásperas, mil luas à beira de um céu-rio sem estrelas. Está tudo quieto - há quanto tempo? - e meus ouvidos já não descosturam do silêncio o rumor dos carros passando distantes na estrada.
Olham-se, mas não se vêem. A escuridão não é uma parede, mas o silêncio os imobiliza na busca da palavra maior. Os dois fumam. As pontas acesas desvendam o escuro, e por instantes colocam um brilho avermelhado nas pupilas de ambos.
Perguntou se eu queria ouvir música. Não, eu disse sem pensar. Então ele calou como se tivesse ficado ofendido por eu recusar alguma coisa sua. Desconhecidos: como isso é, a um só tempo, terrivelmente bom e terrivelmente assustador. Pensar que eu estava só, no bar, esperando nem sei que, nem sei sequer se esperando: de repente os olhos me buscando no balcão em frente. Verdes. No primeiro momento foi a única coisa que percebi. Verdes, os olhos, atrás da fumaça, no meio das gentes, na frente do espelho. E o espelho refletindo o meu espanto. Depois vi os cabelos, a boca, os ombros. Mas era nos olhos, só nos olhos, que se fixava aquele mudo apelo, aquele grito. Nem sei. Aquela clara maldição. Saí, saiu. Não dissemos nada. Eu só tenho esperas. Ele traz a tranqüilidade de mais nada esperar.
"Um menino. Aquele ar espantado. Um pouco trêmulo. Cigarro atrás de cigarro. Tenho medo de tocá-lo. De quebrá-lo."
Eu disse: a lua está tão bonita que dói por dentro. Ele não entendeu. É tudo tão bonito que me dói e me pesa. Fico pensando que nunca mais vai se repetir, é só uma vez, a única, e vai me magoar sempre. Não sei, não quero pensar. Neste espaço branco de madrugada e lua cheia, preciso falar, e mais do que falar, preciso dizer. Mas as palavras não dizem tudo, não dizem nada. O momento me esmaga por dentro. O espanto esbarra em paredes pedindo exteriorização.
Você vê? as pedras parecem luas também. Ou estrelas, ele diz. Chão de estrelas. Vamos pisar nos astros distraídos? Ele ri. Nesse segundo cheio de riso alguma coisa se adensa. Nossos pés pisam em pedras. Mas por cima dos sapatos, sinto que são frias e duras, e sei que seu significado está em nós, não nelas. Uma vontade que a manhã não venha nunca. Vai voltar a grande busca. As noites vazias. Amargura de estar esperando. Repetir mil vezes: não quero esperar. E a certeza de que esse não querer já traz implícitas as longas caminhadas, o olhar devassando os bares, a náusea, os olhares alheios, a procura, a procura: seus ombros largos, um jeito de quem pisa mesmo em luas, não em pedras.
As sombras se projetam alongadas na praia deserta. Rumor de carros e faróis que devassam a noite sem achar. Pára de súbito, o corpo ferido por um sentimento indefinível. Precisa falar, precisa dizer.
Afinal, não foi para enfiar pérolas que você me trouxe aqui: eu digo. Ele está a meu lado. Então me olha sério, por um instante abalado, depois ri e diz: desista.
Positivamente o cinismo não fica bem em você. E se com essa citação só quer mostrar que já leu Sartre, eu também já li. Por que feri? Por que feriu? Por que estamos dizendo coisas que não sentimos nem queremos?
"Um menino assustado querendo mascarar o medo com a agressividade. Um menino. Curvo-me para ele. Tão esguio que meus braços o rodeariam por completo. Por um instante ele ficaria inteiro preso dentro dos meus limites."
O rosto dele próximo do meu. Mais adivinho do que vejo o verde dos olhos deslizando pelas órbitas. A sua mão toca no meu ombro, sobe pelo pescoço, me alcança a face, brinca com a orelha, alcança os cabelos. O seu corpo cola-se ao meu. A sua boca vem baixando devagar, vencendo barreiras, colando-se à minha, de leve, tão de leve que receio um movimento, um suspiro, um gesto, mesmo um pensamento. Estou em branco como a noite. Ele me abraça. Ele está perto.
Ergue o braço lentamente, afunda as mãos nos cabelos de outro. E de súbito um vento mais frio os faz encolherem-se juntos, unidos no mesmo abraço, na mesma espera desfeita, no mesmo medo. Na mesma margem.

(Caio Fernando Abreu)

quinta-feira, 19 de junho de 2008

nesta data querida

Porque hoje é o dia dele, porque ele será eternamente e para todo o sempre, o meu muso, porque ele canta o amor e entende o eu feminino como ninguém. Falo de Francisco Buarque de Hollanda, o ilustre aniversariante de hoje. :)

Uma boa entrevista:
GMN: É por isso que você dá tão poucas entrevistas e fala tão pouco com os repórteres?
Chico Buarque: Eu falo bastante. Falo mais do que devia. Já estou falando aqui há meia hora com você! Mas é que não tenho tanto assunto. Tenho preguiça de falar. Gosto mais de fazer outras coisas.

Uma breve biografia.

Um belo close:


Uma linda música:
Foi difícil escolher, mas uma das que mais aprecio, dentre todas, é Futuros Amantes.


E pro Chico, nada? Tudo!!!!!!! ;-)

quarta-feira, 18 de junho de 2008

breve resumo dos acontecimentos

As últimas semanas têm sido mais intensas do que o normal por aqui. Daí a poeira, as janelas fechadas e o sentimento de coisas não-ditas que sinto todas as vezes que penso no blog. Peço desculpas pela ausência involuntária e necessária. Após um evento por semana desde o dia 04 de junho e dois apenas nesta semana (o grande dia será amanhã), as coisas tendem a melhorar daqui pra frente.

Sigo feliz na maior parte dos dias, com dias insanos de muito trabalho intercalados com baladinhas e encontros amigos para aquecer a alma e o coração. Saudades das pessoas de longe (Lu e Cris, sempre), saudades de casa também.

E os eventos culturais continuam pipocando por aí. Neste domingo haverá um sarau em homenagem à literatura argentina na Rato de Livraria. Gabriel, Cortázar, Borges e Neruda já confirmaram presença. Eu e a Ju também. rs

Para quem curte o cinema francês, a dica é se programar para o Panorama do Cinema Francês, festival de cinema que antecede as comemorações do ano do Brasil na França. Em SP, a coisa toda acontece no Reserva Cultural, de 19 a 26 de junho. E é lá mesmo que neste próximo sábado vai ter a festa à fantasia da prima mais querida, a Isa. Alguma dúvida de que vai ser tudo de melhor, e os primos vão se acabar de dançar e dar risada? A minha fantasia? Já está comprada e é lindaa! :)

Finalizando, eu quero muito muito conhecer aqui e aqui. Muita gente comentando e falando bem. Não podemos ficar de fora, né!?

Beijo para quem visita a casa. Voltaremos em breve com a programação de julho.

sexta-feira, 13 de junho de 2008


Arte de Jim Dine, linda linda, extraída do blog do Carpinejar.

[O QUE ME DÓI NÃO É]

O que me dói não é
O que há no coração
Mas essas coisas lindas
Que nunca existirão...

São as formas sem forma
Que passam sem que a dor
As possa conhecer
Ou as sonhar o amor.

São como se a tristeza
Fosse árvore e, uma a uma,
Caíssem suas folhas
Entre o vestígio e a bruma.

Fernando Pessoa
5/9/1933

o gênio português

"Em 13 de junho, comemora-se os 120 anos do nascimento do poeta Fernando Pessoa, dia de Santo Antônio, que deu nome a Fernando António Nogueira Pessoa, nascido em Lisboa no ano da graça de 1888. Fernando Pessoa era um homem só, mas em pessoas múltiplas. Além dele mesmo, carregava consigo uma pequena multidão: Alberto Caeiro, Ricardo Reis, Álvaro de Campos, Bernardo Soares e vários outros menos importantes. Personalidades diferentes. Todos escritores. O próprio Pessoa fazia questão de destacar: não eram meros pseudônimos, mas heterônimos. Ou seja, diferentes pessoas dentro do mesmo poeta. Escreveu ele: “Construí dentro de mim várias personagens distintas entre si e de mim, personagens essas a que atribuí poemas vários que não são como eu, nos meus sentimentos e idéias, os escreveria”.

E, como pessoas independentes, os heterônimos tinham biografia, horóscopo e descrição física. Aqui vão alguns traços dos principais deles.

Álvaro de Campos – Engenheiro de educação inglesa. Decadentista, futurista, niilista. É o mais agressivo, revoltado, o que fala alto. Ao contrário dos outros da trupe — especialmente Pessoa e Ricardo Reis, que têm postura pudica, quase assexuada —, Campos é o único a falar de sexo, inclusive de homossexualidade. Consultem-se, por exemplo, as caudalosas “Ode Marítima” e “Saudação a Walt Whitman”. Há poemas de Campos com data de novembro de 1935, poucos dias antes da morte de Pessoa que, como poeta, desaparece antes de Campos. Campos é também o mais dado a revelar, asperamente, as crueldades do mundo: “Mandei, capitão, fuzilar os camponeses trêmulos, / Deixei violar as filhas de todos os pais atados a árvores” (em “Ode Marcial”).

Ricardo Reis – Médico, latinista e monárquico. Mudou-se para o Brasil em protesto à instauração da república em Portugal. O ano de sua morte é desconhecido. Com base nisso, José Saramago criou o romance O Ano da Morte de Ricardo Reis. Para Saramago, Ricardo Reis sobrevive a seu criador. Um dos personagens do romance é Lídia, referência reiterada nas odes de Reis.

Alberto Caeiro – Segundo Pessoa, Caeiro é o mestre de todos os heterônimos. Mestre inclusive do próprio Pessoa. Teria passado quase toda a vida como camponês, com instrução apenas primária.

Bernardo Soares – Ajudante de guarda-livros em Lisboa. Soares, prosador, é autor do Livro do Desassossego, fragmentos e anotações pessoais.

Coelho Pacheco – Na Obra Poética de Pessoa, há uma ode, "Para Além Doutro Oceano", assinada por Coelho Pacheco.

No Posfácio aos “Poemas Completos de Alberto Caeiro”, Álvaro de Campos escreve: “O meu mestre Caeiro não era um pagão: era o paganismo. O Ricardo Reis é um pagão, o Antônio Mora é um pagão, eu sou um pagão; o próprio Fernando Pessoa é um pagão, se não fosse um novelo embrulhado para o lado de dentro”.

Observem: aí é citado outro personagem, Antônio Mora, descrito por Pessoa como um louco que vivia num manicômio de Cascais. Haveria ainda o Barão de Teive e muitos outros, semi-heterônimos ou meros coadjuvantes. Somados, eles são bem mais de uma dezena — essa multidão que habitava a singular pessoa do Pessoa."

Fonte: Poesia.net

terça-feira, 10 de junho de 2008

um cantinho, um violão

Minha homenagem póstuma e atrasada à cantora Nara Leão, que faleceu em 07 de junho de 1989:

"(...) Nara Leão começou somente como Nara. Opinou. Protestou com opinião, e cantou livre. Cantou a Bossa com mais quatro. Exigiu Liberdade, liberdade. Pediu passagem. Raiou com a manhã de Liberdade. Soprou o vento de maio. Voltou a ser Nara, depois Nara Leão. Mostrou as coisas do mundo. Reavivou a bossa dez anos depois. Relembrou os seus primeiros amores. Cantou com seus amigos que eram um barato. Mandou tudo pro inferno. Homenageou um amigo com açúcar e com afeto. Teve um romance popular com os novos ritmos do nordeste. Bailou. Sambou encabulada. Novamente cantou em um cantinho e um violão. Distribuiu abraços, carinhos e beijinhos sem ter fim para seus fãs. Disse onde foi garota, e nos contou seus sonhos dourados. E por fim descansou seu coração. A discografia de Nara Leão é uma das mais perfeitas já deixada para nós, amantes da MPB. Quem quiser saber o que aconteceu dentro da Música Popular Brasileira, entre 1964 a 1989, escute os discos de Nara Leão."

Texto extraído do site Samba & Choro, que traz um perfil completo da moça.

E aqui tem um artigo interessante sobre a rivalidade existente entre ela e a Elis (que eu desconhecia).

E, apenas para dizer que não falei das flores, eu gosto muito de Nara, sim. Acho que ela cantava muito, foi na casa dela que aconteceram muitos encontros que ajudaram a formar a bossa nova, ela era amiga do Chico Buarque (foi para ela que ele fez Com açúcar, com afeto), era super engajada e tinha uma visão muito política de como as coisas estavam acontecendo no Brasil, também era impulsiva, intensa e não negava os sentimentos. Enfim, mais uma das muitas musas que a música popular brasileira possui. Quem, como eu, não viveu a época, pôde conhecer mais da moça no especial feito pela Globo sobre ela, exibido uns meses atrás. Muito bom.

TOP 5

5 coisas legais pra fazer quando não se tem nada melhor para ser feito (mentira, a gente sempre tem algo melhor pra fazer, mas muitas vezes a vontade não aparece, não há companhia ou dá preguiça mesmo):

- Adoro fazer listas, como esta babaca de agora. Tem uma comunidade genial no orkut chamada Top5, claramente inspirada no filme Alta Fidelidade, de Nicky Hornby (uma graça de filme, com o John Cusack que eu adoro). A comuna tem umas idéias ótemas para listas com temas bacanas e diferentes. Fazem pensar e estimulam a criatividade. Lá eu gasto uns bons minutos de uma noite ou madrugada insone.

- Fuçar no orkut, blog ou twitter alheio. Ok, eu confesso, sou viciadinha em Internet. Nível 3, aquele tipo que usa diariamente mas não surta se não tiver Internet por perto. Mas gasto sem dor nem culpa algumas horinhas livres analisando um perfil interessante no orkut, lendo um blog bacana ou até vendo o que a galera está dizendo naquele twitter - que até hj não entendi muito bem o real sentido do negócio, mas tá valendo.

- Ler prosa e poesia. Não é novidade pra quase ninguém que me conhece, gosto mesmo, se deixar esqueço da vida e do trabalho e passo boa parte da tarde lendo e viajando, principalmente com poesia. Na maioria das vezes, uso a própria rede mundial como fonte de consulta, indo nos sites adequados se acha muita coisa boa, dos clássicos aos mais recentes.

- Passear na Paulista. Amo, faço sempre. O passeio completo inclui um milk-shake do Bob´s, uma ida à Fnac ou à Cultura e, se estiver sol, a caminhada pode ser ainda maior e se estender até a Casa das Rosas, Itaú Cultural e adjacências. Outro dia fui ao Masp, continua impecável. Mesmo sem exposição temporária boa, só a do acervo já vale a visita e as 15 pilas do ingresso. Rodin, Monet, Van Gogh, Cézanne, Degas, não é todo dia que a gente pode ver de perto. :)

- Cineminha. Mesmo alone in the dark, pode ser um programa interessante. Faz tempo que não vou. "Na Natureza Selvagem" (um dos poucos 4 estrelas da Vejinha) está só esperando eu ir para sair de cartaz. Os dias estão mega corridos, mas da próxima semana não passa.

segunda-feira, 9 de junho de 2008

coisas simples e belas, por favor

as coisas complexas
são inimigas de Deus.

torna-me pois simples
como os bois e os cavalos
que no abandono da névoa
das montanhas são almas
que cumprem
dolorosas promessas a santuários
que estão para além do mundo.

Carlos Saraiva Pinto, in Escrever foi um Engano

Mais um escritor e poeta português que não conhecia e gostei muito, assim logo de cara. Mais dele aqui.

domingo, 8 de junho de 2008

pelos elos que se formam...

“Sim, nada é mais difícil e delicado, até mesmo sagrado, quanto o ser humano.
Nada pode igualar o poder voraz desses misteriosos elementos que,
sem grandeza ou finalidade, nascem entre desconhecidos
para acorrentá-los pouco a pouco com elos terríveis”.

(Witold Gombrowicz: Bakakai)

quarta-feira, 4 de junho de 2008

depois de tudo...

Não vou dizer nada, tentar entender ou decifrar. Só 2 pessoas neste mundo sabem a intensidade do sentimento que houve um dia, e muitas vezes foi mostrado aqui, sem o menor pudor, neste blog. Após mais de um ano de idas e vindas, expectativas desleais, carências de ambas as partes, afinidades várias e os mais conturbados sentimentos à flor da pele, chegou a hora de navegar em outros mares, e tentar construir algo que pode dar certo. Ou não, claro, mas a vontade existe e é mútua, compartilhada.

Finalizo com o trecho de uma musiquinha linda do Arlindo Cruz, que a Maria Rita cantou no show do último domingo:

(...)
"Um amor só é bom quando é pra dois
Eterno é antes e depois
Agora não vou mais me enganar
Não quero mais sofrer, não dá
Se o teu desejo era me ver
Se deu vontade de saber
Se estou feliz
Até posso dizer que sim
O teu reinado acabou,
Chegou ao fim
Eu não nasci pra você,
Nem você pra mim"

Aliás, que show foi aquele, hein? Sensacional. Depois falo mais. :)

terça-feira, 3 de junho de 2008

amigos: sorte de quem os têm.

Ainda que algumas pessoas não gostem (rs), reproduzo o que de mais belo já li sobre um dos sentimentos mais nobres e duradouros, a amizade:

"Eles exigem-nos coisas de nada. As nossas lágrimas. O nosso lenço de assoar. A pele dos nossos inimigos. As batatas fritas do nosso bife. A nossa melhor roupa, por uma noite. Exigem-nos tudo o que nos dão. É preciso regá-los regularmente: é nos ombros deles que cai toda a água dos nossos olhos. Eles espevitam-nos o sentido de humor quando menos nos apetece. E depois ficam connosco quando as luzes se apagam e toda a gente se foi embora. Só aos amigos é dado o espectáculo da nossa miséria."

"Os amigos. Entrariam por uma casa em chamas para nos salvarem. Mentem por nós à nossa própria mãe. Sabem de nós mais do que somos capazes de lhes dizer. Jurariam que à hora do crime estávamos a tomar chá com eles. Mesmo que a polícia nos encontrasse com as mãos cheias de sangue. “São rosas, senhores. Andei com ela toda a tarde a cortar rosas, senhores. Sangue de espinhos, senhores.”"

"Amor, amizade, o que é que isso quer dizer? São convenções, minha querida. As pessoas amam-se ou não se amam. Depois há diversas formas de exprimir esse afecto, que vão mudando ao longo do tempo. O que acontece é que a sua família é composta por pessoas intensas. Pessoas capazes de suportar a permanência do sentimento, com todos os seus desequilíbrios internos, uma vida inteira. Não há muitas pessoas assim. Nunca houve. É por isso que eu gosto tanto de si. Porque a menina honra essa herança no seu coração."

Inês Pedrosa

segunda-feira, 2 de junho de 2008

120 minutos. ou 7200 segundos.

Incrível isso: das 21h às 23h, depois de degustar uma maravilhosa batata coberta por catupiry com bacon, com um chopp e papos puramente profissionais, foram: 1 negativa; 1 afirmativa; 1 possibilidade, 1 revelação e 1 chute no estômago.

Como pode, tantas emoções em tão pouco tempo? Afe. Pára tudo que eu quero descer. E como canta a Luciana Mello, hoje eu só quero que o dia termine bem. Fica o desejo para amanhã.

Está tudo bem, mas... eu podia ter ido dormir mais cedo hoje, né não?! :-/