quarta-feira, 28 de novembro de 2007

divina graça de parar o tempo.

A querida Ju já escreveu: "parei de tentar entender o mundo. vou vivendo". Eu resolvi fazer o mesmo. Chega de tentar entender o porque das coisas, o porque das afinidades e dos abismos que se formam entre as pessoas. Eu quero sempre tentar achar explicação pra tudo, mas esqueço que para algumas coisas simplesmente pode não haver uma resposta, uma razão. Principalmente nas coisas do amor. Como já disse a poeta portuguesa Inês Pedrosa, no excerto que reproduzo abaixo:

“Tudo o que há para saber do amor é deslumbrada aceitação. Não se aprende a amar, Camila; não há vontade democrática capaz de espalhar a paixão pelas bolsas de pobreza onde ela não chega, nem fábricas capazes de a produzir em peças, para montagem, construção ou exportação. Não há nada de justo nesse sentimento: a justiça, aliás, não passa de um espetáculo de ordenação do mundo, um circo que inventamos para substituir a irracional lei do coração. Não procures explicação para a minha vida, nem a tomes com pena ou escândalo; quando eu ficar tão velha que pareça louca, lê nestes cadernos que eu fui feliz. Não te preocupes como ou quanto, nem caias na tentação de distinguir amor e paixão: a pouco e pouco, fui vendo que essas divisões são armadilhas que se montam para que o pano caia sobre os nossos olhos e a imortalidade desapareça do nosso horizonte. O amor, Camila, consiste na divina graça de parar o tempo. E nada mais se pode dizer sobre ele”.

(In: Nas tuas mãos, de Inês Pedrosa, p. 24-25)

Parece escrito pra mim mesmo. Tanto que está até identificado nominalmente.

2 comentários:

Juliana Almirante disse...

Eu sou mais uma Ju que diz a mesma coisa.

Mas sabia q eu ia m chamar Camila?

Tvz seja por isso q esse texto tb pareça dedicado à mim.

Obrigado pela visita,
te convido a ir ao meu outro blog, Dedin de prosa.

Juliana Ricci disse...

Eu sou a Ju de verdade!! hahahahaha brincadeirinha com a Ju aí de cima. Mas o fato é que adorei a citação e adorei o texto. Dei até uma choradinha, lembrando da nossa conversa no telefone.
Abraço apertado pra vc, poetisa!