segunda-feira, 3 de março de 2008

um riso nos chamou, fulgor ou seta

Quando eu parar de me surpreender com coisas belas como este poema abaixo, é porque as coisas vão mal. Muito mal. Mas não, pelo contrário, os últimos dias foram perfeitos, de Tarsila do Amaral a Juno e crisco sour, teve de um tudo, sabe!? Sem contar as pessoas queridas que revi, atualizei os assuntos, matei a saudade, ri junto, afe, foi uma delícia.

Numa praia

Em cada corpo recomeça o mundo,
mas onde então acaba este começo?
Amor não sabe mais o que é profundo,
vem da pele e respira só no verso.

Passamos a toalha pelo corpo,
com o suor a enxugar a morte:
há gotas de água fria no teu rosto,
em ti meus dedos lêem sua sorte.

Um riso nos chamou, fulgor ou seta,
e o dia se refez sem mais promessa.
Nos meus dedos ficou a ferida aberta:
só no teu corpo o mundo recomeça.

Luís Filipe Castro Mendes, poeta português

Nenhum comentário: