sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

sobre falhas e silêncios

'...A coisa era limpa: como se tratava de uma pessoa, então o limpo resultado fora cumprir a experiência de não poder. Pareceu-lhe mesmo que poucas pessoas haviam tido a honra de não poder. Pois, numa sensação genial, nascida talvez da sua dor, ele soube que o resultado mais acertado era falhar... Mas falhara? Porque a compensação também era fatal. Pois, num equilíbrio perfeito, acontecia que se ele não tinha as palavras, tinha o silêncio. E se não tinha a ação, tinha o grande amor. Um homem podia não saber nada; mas sabia como se virar, por exemplo, para o lado do poente: um homem tinha o grande recurso da atitude. Se não tivesse o medo de ser mudo.'

Clarice Lispector

Nenhum comentário: