domingo, 3 de fevereiro de 2008

ainda sobre a folia

Genial o que a Cora Ronái escreveu sobre o Carnaval no Jornal O Globo. Me identifiquei absurdamente com cada frase:

Carnaval sim; boçalidade não

Alguém me perguntou, outro dia, se gosto de carnaval. Uma pergunta simples, objetiva e direta; pois fiquei perdida, sem saber o que dizer, porque, além de já ter gostado mais, hoje gosto e não gosto, dependendo do tempo, do horário, do tamanho da multidão. Carnaval com o calor senegalês da semana passada? Nem pensar. Carnaval com o fog e a chuva londrinos dessa semana? Menos ainda. Bloco às nove da manhã? Tou fora. Bloco ao cair da tarde? Tou fora também, até porque aí todos já beberam todas e, mais do que me divertir, me aborreço com as inconveniências, a vulgaridade, os mijões a céu aberto. Sabem como é, sou do tempo em que as gentes mantinham certa compostura, inda brincando. Também não gosto de blocos gigantescos, em que milhares de pessoas se empurram de um lado para o outro, cantando a mesma música – em geral, ruim – ad infinitum, e em que câmeras e celulares desaparecem sem deixar vestígios. Vocês estão vendo? Eu sou do tempo em que as pessoas usavam expressões latinas como ad infinitum.

(O Globo, Segundo Caderno, 31.1.2008)

Cada vez mais me convenço que nasci na época errada. Porque carnaval bom pra mim é aquele das marchinhas, do samba de raiz, da velha guarda. Axé definitivamente fica de fora. Gente bêbada querendo bater o recorde de bocas beijadas no mesmo dia, também. E pela TV o martírio é tão grande quanto. Como diz o Zé Simão, "Carnaval é que nem sexo: só é bom ao vivo". E, ainda assim, eu tenho minhas restrições. Será que estou ficando chata e exigente demais? rsrs

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