terça-feira, 2 de agosto de 2011

VII

Tu pedes-me a noção de ser concreta
...num sorriso num gesto que abstrai
a minha exactidão em estar repleta
do que mais fica quando de mim vai.

Tu pedes-me uma parcela de certeza
um desmentido do meu ser virtual
livre no resultado de pureza
da soma do meu bem e do meu mal.

Deixa-me assim ficar. E tu comigo
sem tempo na viagem de entender
o que persigo quando te persigo.

Deixa-me assim ficar no que consente
a minha alma no gosto de reter-te
essencial. Onde quer que te invente.

NATÁLIA CORREIA, in POEMAS (1955), in ANTOLOGIA POÉTICA
(org,. de Fernando Pinto do Amaral, Dom Quixote, 2002)

Um comentário:

Corvo disse...

Estes versos caíram como gotas dágua
na solidão desta noite