sábado, 20 de agosto de 2011

Um jeito

Meu amor é assim, sem nenhum pudor.
Quando aperta eu grito da janela
- ouve quem estiver passando -
ô fulano, vem depressa.
Tem urgência, medo de encanto quebrado,
é duro como osso duro.
Ideal eu tenho de amar como quem diz coisas:
quero é dormir com você, alisar seu cabelo,
espremer de suas costas as montanhas pequenininhas
de matéria branca. Por hora dou é grito e susto.

Pouca gente gosta.


Adélia Prado
Bagagem
Lisboa, Cotovia, 2002

Um comentário:

Felicidade Clandestina disse...

ah, adoro esse poema-danado.


e essa foto, linda, hein?! :)