quinta-feira, 16 de julho de 2009

só uma palavra me devora...

O fluxo de acontecimentos que chamamos vida segue muito bem, obrigada. Agitadinho, como sempre, feliz, na maior parte do tempo. Há muito a dizer mas falta tempo, vontade e otras coisitas más. Encerro o período de silêncio com um poeminha lindo e denso e espero voltar em breve, com mais frequência e algumas novidades.

Uma Voz na Pedra

Não sei se respondo ou se pergunto.
Sou uma voz que nasceu na penumbra do vazio.

Estou um pouco ébria e estou crescendo numa pedra.
Não tenho a sabedoria do mel ou a do vinho.
De súbito, ergo-me como uma torre de sombra fulgurante.
A minha tristeza é a da sede e a da chama.
Com esta pequena centelha quero incendiar o silêncio.
O que eu amo não sei. Amo. Amo em total abandono.
Sinto a minha boca dentro das árvores e de uma oculta nascente.
Indecisa e ardente, algo ainda não é flor em mim.
Não estou perdida, estou entre o vento e o olvido.
Quero conhecer a minha nudez e ser o azul da presença.
Não sou a destruição cega nem a esperança impossível.
Sou alguém que espera ser aberto por uma palavra.

(António Ramos Rosa)

Um comentário:

Juliana Ricci disse...

Entrei aqui pra começar a campanha "Quero posts novos nesse blog!!" e vi um post novo. Ufa..... A campanha volta pro baú, por enquanto.