terça-feira, 16 de setembro de 2008

e a vida segue, boa e incomensurável

Por tudo que há - que já é bastante, ainda que exista um mundo inteiro de emoções para ser vivido, sentido e, principalmente, compartilhado:

"(...) O prazer nascendo dói tanto no peito que se prefere sentir a habituada dor ao insólito prazer. A alegria verdadeira não tem explicação possível, não tem a possibilidade de ser compreendida - e se parece com o início de uma perdição irrecuperável. Esse fundir-se total é insuportavelmente bom - como se a morte fosse o nosso bem maior e final, só que não é a morte, é a vida incomensurável que chega a se parecer com a grandeza da morte. Deve-se deixar inundar pela alegria aos poucos - pois é a vida nascendo. E quem não tiver força, que antes cubra cada nervo com uma película protetora, com uma película de morte para poder tolerar a vida. Essa película pode consistir em qualquer ato formal protetor, em qualquer silêncio ou em várias palavras sem sentido. Pois o prazer não é de se brincar com ele. Ele é nós."

(Clarice Lispector)

2 comentários:

Juliana Ricci disse...

u-la-lá!!!!

essa parte aqui até parece que serve pra mim:
E quem não tiver força, que antes cubra cada nervo com uma película protetora, com uma película de morte para poder tolerar a vida.

Camilinha disse...

Ei xará, li seu texto e me lembrei de um outro:

"Somos conduzidos para as lágrimas, a civilização é provavelmente isso, um longo trajeto de lágrimas. Como se tivéssemos medo de merecer o júbilo da terra." Inês Pedrosa


beijos daqui...