sábado, 25 de fevereiro de 2012

Desejos, desejos, desejos

Muito bem formulado este pensamento de Valdomiro Neto, jornalista dos bons e filósofo nas horas vagas: "Suspeito que a coisa que mais fazemos na vida é passar, olhar e não ver gente desconhecida. No metrô, nos bares e, pasmem, até mesmo no trabalho esbarramos em gente desconhecida. Quem são elas? O que desejam? Quais suas taras e desilusões? Quantas linhas têm as suas mãos? Quantos amores já tiveram? Essa multidão que a todo instante raspa na gente não é simplesmente uma turba de corpos a se deslocar. São caçambas de afetos mal resolvidos, esperanças nutridas e desejos. Sim, fundamentalmente são desejos que andam para lá e para cá. De fato, elas caminham sempre mirando o desejo. O desejo de realizar um trabalho melhor ou de mandar o chefe à merda. O desejo de comprar o pão que alivia sua fome ou a carne que amolda seus dentes. O desejo de conhecer algum mulher ou homem que desestabilize seus batimentos. O desejo de perder peso ou ganhar músculos. O desejo de fazer uma viagem ao Marrocos ou às Ilhas Galápagos. Desejos, desejos, desejos. Passamos a vida trombando com desconhecidos. Passamos a vida trombando com pilhas de desejo."

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