sábado, 12 de março de 2011

anzóis na carne

(...) Não, não são os inimigos que me impõem o intervalo. Inimigos – não lhes dou a menor importância. Os desejos que me pegam são os desejos das pessoas que amo – anzóis na carne. Como tenho raiva do Antoine de Saint Exupéry – “tornamo-nos eternamente responsáveis por aqueles que cativamos…” Mas isso não é terrível? Ser reponsável por tanta gente? Cristo, por amar demais, terminou na cruz. Embora não saibamos, o amor também mata.

Então, abandonar o amor? Não. Mas é preciso escolher. Porque o tempo foge. Não há tempo para tudo. Não poderei escutar todas as músicas que desejo, não poderei ler todos os livros que desejo, não poderei abraçar todas as pessoas que desejo. É necessário aprender a arte de “abrir mão” – a fim de nos dedicarmos àquilo que é essencial. (...)


Rubem Alves

P.S.: Contribuição da queridíssima Cibele, que foi minha doce companhia pelas bandas da Cidade Maravilhosa. Nesses tempos de folia e amores líquidos, amizade como esta é atemporal e necessária. :-)

2 comentários:

Lady Dan disse...

Olá, Rubens!

Postei em meu blog um texto do seu livro e aproveito o ensejo para dizer que tenho tido momentos de alegria em lê-lo.
Um abraço e boas inspirações para o próximo!

Lady Dan
www.sandalodedan.blogspot.com

Cibele disse...

Rubem me apaixona...
de modo que é o mesmo meu anzól.
Miss Micheletti, vc é tudo nesta vida.