quinta-feira, 9 de outubro de 2008

a boca, de manhã cedo

Sábado à noite lembra convite irrecusável que lembra teatro que lembra olhares penetrantes e cruéis (OPC para os íntimos) que lembra taça de champagne que lembra a moet que nem foi aberta que lembra flor e chocolate que lembra tudo de mais belo que há que lembra domingo que lembra você na minha cama que lembra sirene da construção ao 12h que lembra segredos compartilhados e a sua boca, de manhã cedo.

"(...)E se realmente gostarem? Se o toque do outro de repente for bom? Bom, a palavra é essa. Se o outro for bom para você. Se te der vontade de viver. Se o cheiro do suor do outro também for bom. Se todos os cheiros do corpo do outro forem bons. O pé, no fim do dia. A boca, de manhã cedo. Bons, normais, comuns. Coisa de gente. Cheiros íntimos, secretos. Ninguém mais saberia deles se não enfiasse o nariz lá dentro, a língua lá dentro, bem dentro, no fundo das carnes, no meio dos cheiros. E se tudo isso que você acha nojento for exatamente o que chamam de amor?(...)"

Caio Fernando Abreu

Um comentário:

Anônimo disse...

Tudo isso me faz "lembrar" o que eu sinto por vc e é como se tudo estivesse oculto em palavras frágeis...contido em cascas de sementes deixadas por plantas já crescidas... mas que no momento consagram e pacificam aquilo que outrora fora insuportavelmente inquietante,e agora é algo sublime e que se pretende infinito...
Um bj em vc meu Anjo.