sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

coração meu, meu coração

Eu sempre quis um amor como aqueles de cinema, que fazem o coração bater acelerado apenas por saber que alguém, longe ou perto, pensa em você tanto quanto você nele. Quer seu bem e, mais do que tudo, quer passar a vida inteira ao seu lado. Eu pedi, muito e incessantemente, por um amor que me tirasse o chão e me levasse ao céu.

Como o universo costuma ser bem generoso comigo, tenho percebido isso, eu recebi. Primeiro um, depois o outro. Num curto espaço de um ano e meio, experimentei as mais pesadas sensações que um frágil coração, que jamais tinha amado nessa intensidade, poderia suportar. Um coração que sempre quis dar e receber, mas não se preparou para este momento. E então, quando chegou a hora de ser feliz, o coração quis dar demais, além do que havia sido solicitado e acordado entre as partes. Deu tanto, mas tanto, e de uma forma tão intensa, que acabou seco e pequenino, retorcido pelas amarras de algo que nem ele mesmo sabe definir.

O tempo passou, o danado estava quase recuperado e pronto, lá veio o amor dilacerá-lo mais uma vez. Veio com tudo: inteligência, ótimo papo, poesia, música, voz doce, um quê de classe e a sabedoria de quem entende das coisas aliado ao jeito mais brejeiro e caipira do cerrado, um raio de sol nos cabelos e a intensidade que ele sempre desejou colocada à máxima potência. Casa, comida e roupa lavada, emprego, piscina, um amor beirando o impossível e, justamente por isso, digno das melhores telas de cinema ou capas de livro, tudo isso e um pouco mais. Coração teve medo, não soube como agir diante de proposta tão arriscada e tentadora e, ao invés de aproveitar o momento, fugiu como um guri assustado diante de sua primeira grande dificuldade. Ninguém acreditou quando o BEM recusou o DOM que lhe havia sido dado. O que poucos entendem é que este coração precisa, antes de mais nada, se organizar. Preparar-se para receber o amor. Estar pronto para dar também. É o que ele mais quer. E saberá dizer sim quando estiver pronto. Quando chegar a hora.

Meu coração é o mendigo mais faminto da rua mais miserável – já disse o sabido Caio Fernando. O meu não só sente fome, como arde e lembra todos os dias aquelas madrugadas onde não havia distância, nem problema, nem conta de telefone, nem medo. Eram apenas duas almas interligadas por um sentimento único e avassalador. Talvez alguns dos melhores momentos tenham sido passados assim, à distância. O filme da garota do copo d´água não conta, é hours-concours no ranking das cenas inesquecíveis. E apenas duas pessoas neste mundo sabem como estes breves e fugazes instantes foram especiais e intensamente vividos.

Hoje, “meu coração é um anjo de pedra com a asa quebrada”. E neste momento estamos aqui, à beira-mar, fazendo a reabilitação da asa e reunindo forças e energias para mais um ano.

Nada se perdeu. Tudo que foi vivido representa o que sou hoje e me faz ainda mais forte. Mais feliz também, apesar do gosto amargo da impossibilidade. Apesar de amar desse jeito trôpego e confuso, sem saber como nem onde. Mas, mesmo quando as pernas vão vacilantes e o fardo se torna pesado, ainda assim “encho-me dum leite de versos e, sem poder transbordar, encho-me mais e mais”. Por que só sei viver e amar assim. “Como quem desaba sobre o outro como uma chuva forte”.

***

Este texto utilizou frases "entre aspas" de Maiakovski, Olga Savary e claaro, Caio Fernando Abreu.

2 comentários:

Anônimo disse...

Menina doce, querida e mais que amada. Esse seu texto é belissímo, digno de uma publicação no Ilustrada ou Caderno 2. É tão difícil espressar aquilo que deveras sentimos com palavras escritas; mas lhe garanto você conseguiu BEM. E o DOM deve-se sentir amado e muito feliz; por ter alguém assim tão intenso e sincero; e que se por agora não foi capaz de ir além... é por que ainda não chegou a hora. E sim; as brechas que a vida nos dá vai lhe levar ao caminho certo e que lhe fará mais que feliz.

Da amiga que lhe ama, admira e só quer o seu bem, hoje e sempre.

Anônimo disse...

Então, abrindo um parênteses para falar da nossa intimidade, rs!!! Lembra-se que eu lhe disse que nos conhecemos na real dia 15/05/08; e não lhe contei que na net foi dia 16/01/08. Aliás tem um post inteirinho sobre ti nesse dia!

http://www.macabeamacabea.blogger.com.br/2008_01_01_archive.html

Quando voltas de Santos? Temos que comemorar um ano de amizade.

beijokas.