sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

de vez em quando...

Breve guia passo-a-passo para escarafunchar a ferida:

Selecione uma listinha de músicas que lembre momentos recentes. Pode ser aquela do grande encontro que foi como tudo começou, a do fogo, aquela outra da Marisa, Bethânia. Até cabe um Chico, Marvin Gaye, Zeca Baleiro ou mesmo Legião. Tudo depende do momento e da lembrança que vem na hora e, pronto: acende todas as luzes, dispara os gatilhos todos e está quase completo o cenário para lembrar-sofrer-ficar mal-chorar-lembrar de novo-rir dos momentos engraçados-chorar mais um pouco. O som está bacana? Pegue Caio Fernando, ele é especialista em abrir a ferida e jogar soda cáustica por cima, salpicada com pimenta que o momento exige emoções beem fortes. Cansou do Caio, passe pra Clarice e suas definições sobre amor, perda, esperança e expectativas (ou a falta delas). Funciona que é uma coisa. E, claro, pra não perder o costume termine a cena com a poesia de Vinícius, por que, um dia, “eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces”.

Só pra dar o gostinho:

"Eu quis tanto ser a tua paz, quis tanto que você fosse o meu encontro. Quis tanto dar, tanto receber. Quis precisar, sem exigências. E sem solicitações, aceitar o que me era dado. Sem ir além, compreende? Não queria pedir mais do que você tinha, assim como eu não daria mais do que dispunha, por limitação humana. Mas o que tinha, era seu."

"(...) dentro daquela saudade que não ia embora por mais que o tempo passasse e dentro dele, mesmo sem lembrar, apenas agindo, todos os dias eu acordava e tomava banho, escovava os dentes e fazia todas essas coisas rotineiras, igual a alguém que aos trancos, mecanicamente, continua a viver mesmo depois de ter perdido uma perna ou um braço que, embora ausentes, ainda doem - sem poder evitar, inesperadamente, sem querer evitar, outra vez lembrei de Pedro."

“(...) meu deus como você me dói de vez em quando, eu vou ficar esperando você numa tarde cinzenta de inverno bem no meio duma praça, então os meus braços não vão ser suficientes para abraçar você e a minha voz vai querer dizer tanta, mas tanta coisa que eu vou ficar calada um tempo enorme só olhando você sem dizer nada, só olhando e pensando, meu deus mas como você me dói de vez em quando.”


Caio Fernando Abreu

Doeu aí também??? Aff. :-/

3 comentários:

Anônimo disse...

Sim doeu, mas já é uma dor antiga...como aquela chuva mansa que teima em cair o dia inteirinho por semanas e tudo que se quer é um dia de sol....mas um daqueles que faça a pele arder como se estivesse em chamas... Mas meu Anjo, a dor é para quem ama, ou então "amar não seria quase uma dor"?

Anônimo disse...

Meu Anjo...
por tudo que há... dói, chove, pulsa, E AINDA TEIMA... é que devo abandonar este labirinto de querer-lhe onde encontro-lhe e desencontro-me, para tentar salvar o que ainda resta dos possíveis "sagrados elefantes" daquilo de sublime que se pretende infinito...
http://www.youtube.com/watch?v=N-mqhkuOF7s

Annanda Galvão disse...

gente!
perfeito!
já fiz muito uso de caio e clarice para doer..muito!
espero que tenha doído, pq um pouco é belo.
e espero que tenha passado!
se ainda não..acredite...passa!
beijos!