Eu tenho cada vez mais menos respostas, mas também tenho cada vez mais menos perguntas. Disso eu não duvido: tenho cada vez mais menos certezas. Quanto mais o tempo passa, eu fico menos à vontade para alimentar dores e com muito mais preguiça de sofrer. Quanto mais o tempo passa, menos faço por onde adiantar a morte, mais tento fazer por onde aproximar a vida.
Ana Jácomo
"Não pense que eu ando atrás só de belas coisas simples. Eu quero qualquer coisa, desconexa, contraditória, insegura, não tem importância, desde que seja sua. As definições redondas e grandiloqüentes, as coisas categóricas e acabadas não me satisfazem, porque eu não sou assim", escreveu Maury Gurgel Valente para Clarice Lispector. Este blog traz excertos do cotidiano, poesias, devaneios sobre relacionamentos, cinema, literatura, música... Belas coisas simples, como eu, você e a vida.
quarta-feira, 30 de novembro de 2011
e vc aí achando que seria fácil... rs
"Como qualquer ser humano, sou uma mistura: Do que quero ser; do que penso que sou; do que pensam que eu sou."
(Clarice Lispector)
domingo, 27 de novembro de 2011
qualquer coisa de intermédio
Sou entre flor e nuvem,
estrela e mar. Por que
havemos de ser unicamente
humanos, limitados em chorar?
Não encontro caminhos fáceis
... de andar. Meu rosto vário
desorienta as firmes pedras
que não sabem de água e de ar.
Cecília Meireles
estrela e mar. Por que
havemos de ser unicamente
humanos, limitados em chorar?
Não encontro caminhos fáceis
... de andar. Meu rosto vário
desorienta as firmes pedras
que não sabem de água e de ar.
Cecília Meireles
sábado, 26 de novembro de 2011
debaixo desse céu...
![]() |
Mais um entardercer de encher os olhos em Santos, SP, 25/11. |
Achei muito boa essa sacada do
Léo Jaime (aquele mesmo, dos
anos 80, via twitter):
"A vida hoje é a soma das coisas que estamos perdendo. Enquanto pensamos nisso o tempo se esvai. Ninguém dá conta de tudo."
Uns chegam, outros vão, alguns outros permanecem. Mas o que fica é cada vez mais essencial e verdadeiro. E a vida segue. Feliz. Apesar de tudo.
Léo Jaime (aquele mesmo, dos
anos 80, via twitter):
"A vida hoje é a soma das coisas que estamos perdendo. Enquanto pensamos nisso o tempo se esvai. Ninguém dá conta de tudo."
Uns chegam, outros vão, alguns outros permanecem. Mas o que fica é cada vez mais essencial e verdadeiro. E a vida segue. Feliz. Apesar de tudo.
quinta-feira, 24 de novembro de 2011
Tão difícil dizer...
...e tão fácil sentir...
“Saudades ficam violentas quando mudamos de endereço. Saudades ficam insuportáveis quando mudamos de sentido. Você confunde sacrifício com covardia. Compreendo. Eu confundo amor com loucura. Cada um tem seus motivos, sua maneira de se convencer que fez o melhor, fez o que podia.”
Fabrício Carpinejar
“Saudades ficam violentas quando mudamos de endereço. Saudades ficam insuportáveis quando mudamos de sentido. Você confunde sacrifício com covardia. Compreendo. Eu confundo amor com loucura. Cada um tem seus motivos, sua maneira de se convencer que fez o melhor, fez o que podia.”
Fabrício Carpinejar
sexta-feira, 18 de novembro de 2011
gauche na vida? não, obrigada!
"Eu sei que vou. Insisto na caminhada. O que não dá é pra ficar parado. Se amanhã o que eu sonhei não for bem aquilo, eu tiro um arco-íris da cartola. E refaço. Colo. Pinto e bordo. Porque a força de dentro é maior. Maior que todo mal que existe no mundo. Maior que todos os ventos contrários. É maior porque é do bem. E nisso, sim, acredito até o fim. O destino da felicidade, me foi traçado no berço."
Peguei do Facebook da Erika Pretes. Escreve bem a moça. :-)
Peguei do Facebook da Erika Pretes. Escreve bem a moça. :-)
quinta-feira, 17 de novembro de 2011
Não Podemos Ter a Certeza de Nada
Somos todos iguais na fragilidade com que percebemos que temos um corpo e ilusões. As ambições que demorámos anos a acreditar que alcançávamos, a pouco e pouco, a pouco e pouco, não são nada quando vistas de uma perspectiva apenas ligeiramente diferente. Daqui, de onde estou, tudo me parece muito diferente da maneira como esse tudo é visto daí, de onde estás. Depois, há os olhos que estão ainda mais longe dos teus e dos meus. Para esses olhos, esse tudo é nada. Ou esse tudo é ainda mais tudo. Ou esse tudo é mil coisas vezes mil coisas que nos são impossíveis de compreender, apreender, porque só temos uma única vida.
— Porquê, pai?
— Não sei. Mas creio que é assim. Só temos uma única vida. E foi-nos dado um corpo sem respostas. E, para nos defendermos dessa indefinição, transformámos as certezas que construímos na nossa própria biologia. Fomos e somos capazes de acreditar que a nossa existência dependia delas e que não seríamos capazes de continuar sem elas. Aquilo em que queremos acreditar corre no nosso sangue, é o nosso sangue. Mas, em consciência absoluta, não podemos ter a certeza de nada. Nem de nada de nada, nem de nada de nada de nada. Assim, repetido até nos sentirmos ridículos. E sentimo-nos ridículos muitas vezes e, em cada uma delas, a única razão desse ridículo é não conseguirmos expulsar da nossa biologia, do nosso sangue, dos nossos órgãos, essas certezas injustificadas, ou justificadas por palavras sempre incompletas. Mas é bom que seja assim. Porque podemos continuar e, enquanto continuamos, continuamos. Estamos vivos. Ou acreditamos que estamos vivos, o que é, talvez, a mesma coisa.
— Porquê, pai?
— Porque o amor, filho.
José Luís Peixoto, in 'Abraço'
— Porquê, pai?
— Não sei. Mas creio que é assim. Só temos uma única vida. E foi-nos dado um corpo sem respostas. E, para nos defendermos dessa indefinição, transformámos as certezas que construímos na nossa própria biologia. Fomos e somos capazes de acreditar que a nossa existência dependia delas e que não seríamos capazes de continuar sem elas. Aquilo em que queremos acreditar corre no nosso sangue, é o nosso sangue. Mas, em consciência absoluta, não podemos ter a certeza de nada. Nem de nada de nada, nem de nada de nada de nada. Assim, repetido até nos sentirmos ridículos. E sentimo-nos ridículos muitas vezes e, em cada uma delas, a única razão desse ridículo é não conseguirmos expulsar da nossa biologia, do nosso sangue, dos nossos órgãos, essas certezas injustificadas, ou justificadas por palavras sempre incompletas. Mas é bom que seja assim. Porque podemos continuar e, enquanto continuamos, continuamos. Estamos vivos. Ou acreditamos que estamos vivos, o que é, talvez, a mesma coisa.
— Porquê, pai?
— Porque o amor, filho.
José Luís Peixoto, in 'Abraço'
Ganhei! Rá!
"Não sei como descrever
Talvez seja estranha essa forma de querer
Tão perto do coração e tão distante do olhar
Tomo por minhas as palavras do poeta
“O amor é fogo que arde sem se ver”
Não vejo meu fogo, mas o sinto arder
E por não poder te ter
Sigo os cinco dias que me restam
A sonhar com você!"
Gostou? Imagine eu então! :-)
terça-feira, 8 de novembro de 2011
para pensar
"originalmente, pena é o mesmo que punição. quem merecesse pagava uma pena, ou um preço que corresponderia à punição pela falta cometida. as coisas que valem a pena, dessa forma, valem a punição que elas implicaram. se pensarmos bem, portanto, só vale a pena na vida o que não vale pena alguma, pois aquilo que implica em pena não vale nada."
Do blog quando nada está acontecendo.
Do blog quando nada está acontecendo.
segunda-feira, 7 de novembro de 2011
Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios
Queremos o que não podemos ter, diz o professor Schianberg, o mais obscuro dos filósofos do amor. É normal, é saudável. O que diferencia uma pessoa de outra, ele acrescenta, é quanto cada um quer o que não pode ter. Nossa ração de poeira das estrelas.(Marçal Aquino, IN: Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios)
Dos livros que preciso ter nas mãos e devorar canibalisticamente, este com certeza é um dos primeiros da fila.
Agradeço a querida Jenifer, do Penetra Surdamente no Reino das Palavras, por me relembrar que preciso ter este livro. Taí um bom presente de Natal. ;-)
Há um ponto no qual...
(...) não posso concordar contigo, Marty. Tu dizes que agora somos muito sensatos e o quanto tolos fomos no passado a lidar um com o outro. Eu concordo alegremente que agora somos sensatos o suficiente para acreditar no nosso amor sem quaisquer dúvidas, mas não teríamos chegado a este ponto se não fosse por tudo o que aconteceu entre nós antes. Foi a intensidade do meu desgosto, trazido pela muitas horas de sofrimento que tu me causaste há dois anos, que me convenceu do meu amor por ti. Hoje em dia, com todo o meu trabalho, e a luta por dinheiro, posição, e reputação, que tudo junto mal me dá tempo de sobra para te escrever uma carta afectuosa, já seria quase impossível chegar a essa convicção. Não desprezemos os tempos em que para mim um dia só teria sentido se recebesse uma carta de ti, quando uma decisão tua significava uma decisão entre vida e morte. Eu não sei realmente que mais poderia ter feito nessa altura; foi um período de luta muito difícil, e finalmente, de vitória, e só após disso tudo ter terminado consegui encontrar a paz interior para trabalhar em torno do nosso futuro. Nesses dias eu estava a lutar pelo teu amor como estou agora a lutar pela tua pessoa, e tens que admitir que tive que trabalhar tanto para atingir esse objectivo como estou a trabalhar agora para atingir este outro.
Carta de Sigmund Freud a Martha Bernays, 7 de Janeiro 1885 (excerto)
Carta de Sigmund Freud a Martha Bernays, 7 de Janeiro 1885 (excerto)
terça-feira, 1 de novembro de 2011
por vezes...
E por vezes as noites duram meses
E por vezes os meses oceanos
E por vezes os braços que apertamos
nunca mais são os mesmos. E por vezes
... encontramos de nós em poucos meses
o que a noite nos fez em muitos anos.
E por vezes fingimos que lembramos
E por vezes lembramos que por vezes
ao tomarmos o gosto aos oceanos
só o sarro das noites não dos meses
lá no fundo dos copos encontramos.
E por vezes sorrimos ou choramos
E por vezes por vezes ah por vezes
num segundo se evolam tantos anos.
David Mourão Ferreira
E por vezes os meses oceanos
E por vezes os braços que apertamos
nunca mais são os mesmos. E por vezes
... encontramos de nós em poucos meses
o que a noite nos fez em muitos anos.
E por vezes fingimos que lembramos
E por vezes lembramos que por vezes
ao tomarmos o gosto aos oceanos
só o sarro das noites não dos meses
lá no fundo dos copos encontramos.
E por vezes sorrimos ou choramos
E por vezes por vezes ah por vezes
num segundo se evolam tantos anos.
David Mourão Ferreira
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