"Não pense que eu ando atrás só de belas coisas simples. Eu quero qualquer coisa, desconexa, contraditória, insegura, não tem importância, desde que seja sua. As definições redondas e grandiloqüentes, as coisas categóricas e acabadas não me satisfazem, porque eu não sou assim", escreveu Maury Gurgel Valente para Clarice Lispector.
Este blog traz excertos do cotidiano, poesias, devaneios sobre relacionamentos, cinema, literatura, música... Belas coisas simples, como eu, você e a vida.
"Capitu não teve como falar. Se um olhar a condenou imagina o que não faria com as palavras. E quase ninguém entende amor cruzado, um no no meio do outro convivendo, como irmãos. Nunca houve camaradagem na paixão. E tapinha nas costas sempre foi coisa da práxis de negócio. Capitu obviamente jamais vai falar, mas se falasse." Ana Peluso citando Dom Casmurro, via facebook *** Li certa vez que um dos grandes luxos nessa vida é saber parar. Foi assim com as grandes divas do cinema, e também será com o Belas Coisas Simples. Sem nenhum motivo aparente, cansei mesmo. Talvez eu volte um dia - com outro blog, com novas ideias e novos motivos. Por ora, digo apenas OBRIGADA a todos que, de uma forma ou de outra, por acaso ou por vontade própria, ainda passam por aqui. Afeto e gratidão a todos. Beijos meus, Camila
"Caso inacabado atrapalha a evolução da vida. Com uma pendência dessas, a gente não avança. Você encontra gente legal, mas não se vincula porque sua cabeça está presa lá atrás. Ou você se envolve, mas esconde do novo amor uma área secreta na qual só cabem você e o caso inacabado. A coisa vira uma traição subjetiva. Não tem sexo, não tem aperto de mãos no escuro, mas tem uma intimidade tão densa que exclui o outro – e emocionalmente pode ser mais séria que uma trepada. Ainda que seja mera fantasia." [Ivan Martins]
Quem disse que esta ausência te devia? Quem pensou que esta denúncia se enganava? Que um dia era pior que outro dia Que à noite era melhor porque sonhava? Quem disse que esta dor te pertencia? Quem pensou que este amor me perturbava? Que o longe era mais perto se fugias Que o dentro era mais longe porque estavas? Quem disse que este ardor te evidencia? Quem pensou que esta pena me cansava? Que calar era pior se te despia Que gritar era pior se te largava? Quem disse que esta paixão me curaria? Quem pensou que esta loucura me passava? Que deixar-te era paz porque corria Que querer-te era mau porque te amava? Quem disse que esta paixão te espantaria? Quem pensou que esta saudade me rasgava? Que tudo era diferente se te via Que o pior era saber que aqui não estavas? Quem disse que esta ternura te devia? Quem pensou que este saber se enganava? Neste langor crescente que crescia Neste entender de nós que cintilava? [Maria Teresa Horta]
{que horas eram quando o tempo acabou?} {que horas eram quando deixaste de poder reproduzir clandestinamente a explicação da conclusão do desejo infinitesimal?} {que horas eram quando a razão de espírito substituiu a de ciência na ocupação do abraço?} {que horas eram quando te adiantaste à felicidade no dia que dilui na percepção multiforme da multidão?} {que horas eram quando a boca simulou o silêncio com princípios aleatórios?} {que horas eram quando deixaste que a alma somasse corpos e subtraísse outros?} {que horas eram quando viver era deixar morrer e a solidão incomunicável?} {que horas eram quando o tempo acabou? que horas eram?} Sylvia Beirute inédito (Londres, 22 de Novembro de 2009)