E então eu conheci a poesia do uruguaio Mario Benedetti. Não me pergunte como; na maioria das vezes o poema cai na minha mão como um presente. Leio um trecho, uma frase, e se me agrada vou em busca de mais textos do mesmo autor. Foi assim com Mario. Li, conheci, gostei, pesquisei e gostei mais ainda.
E como hoje é um daqueles dias que, meio pelo cansaço, meio pelas atribulações do trabalho e otras coisitas más, você sente que está tudo meio nublado, lanço esse aqui, pra começar:
Alegría de la tristeza:
En las viejas telarañas de la tristeza
suelen caer las moscas de sartre
pero nunca las avispas de aristófanes
uno puede entristecerse
por muchas razones y sinrazones
y la mayoría de las veces sin motivo aparente
sólo porque el corazón se achica un poco
no por cobardía sino por piedad
la tristeza puede hacerse presente
con palabras claves o silencios porfiados
de todas maneras va a llegar
y hay que aprontarse a recibirla
la tristeza sobreviene a veces
ante el hambre millonaria del mundo
o frente al pozo de alma de los desalmados
el dolor por el dolor ajeno
es una constancia de estar vivo
después de todo / pese a todo
hay una alegría extraña / desbloqueada
en saber que aún podemos estar tristes
Mario Benedetti
Filme: Só por hoje. Direção: Roberto Santucci. Brasil, 2007.
"Não pense que eu ando atrás só de belas coisas simples. Eu quero qualquer coisa, desconexa, contraditória, insegura, não tem importância, desde que seja sua. As definições redondas e grandiloqüentes, as coisas categóricas e acabadas não me satisfazem, porque eu não sou assim", escreveu Maury Gurgel Valente para Clarice Lispector. Este blog traz excertos do cotidiano, poesias, devaneios sobre relacionamentos, cinema, literatura, música... Belas coisas simples, como eu, você e a vida.
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