sexta-feira, 18 de abril de 2008

os jornalistas e seus super-egos

Li o texto abaixo no site do Jornal do Brasil e achei a relação muito interessante - deve ser daí a idéia de que muitos jornalistas se sintam e ajam como representantes de Deus na terra, senhores de si mesmos e de todo o resto:

"A Bíblia é igualzinha a um jornal"

"Fazer jornal, meu filho, é brincar um pouco de ser Deus. A gente é que decide o que é importante. Só é importante o que sai no jornal. Não adiantava Deus fazer e acontecer, criar o dia e a noite, o macho e a fêmea, as estrelas, o Himalaia, o Garrincha, o cacete a quatro: se não saísse no jornal, ninguém ficaria sabendo. Por isso, Ele também criou a Bíblia, o jornal Dele. A Bíblia é igualzinha a um jornal, é cheia de boas histórias, a maioria, difícil de ser checada. Há alguns exageros, umas forçadas de barra, umas cascatas, um certo culto à personalidade: tudo como num jornal. Mas tá cheia de notícias. Uma boa quantidade de repórteres, correspondentes no mundo inteiro, jornalistas com acesso a fontes privilegiadas. E que comentaristas – retumbantes, proféticos! O tal do Moisés era uma espécie de repórter especial. O sujeito entrevista Deus em on, veja só! Deus dava entrevista pra Moisés on the record, não pedia off. Imagina, Deus chegando pro repórter e dizendo: ‘Pode publicar que fui Eu que disse’. Imagina a cena na redação, o chefe de reportagem enchendo o saco do pobre do repórter: ‘Onde você vai, Moisés? Pro deserto de novo? Olha lá, a verba da curta, o aluguel de camelos tá muito caro... Você garante que vai ter matéria, Ele vai falar mesmo? A manchete tá garantida?’. Por isso que eu digo: a Bíblia é um jornal".

[12/04/2008, no site do JB]

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