Uma coisa que sempre me intrigou desde que mudei pra Sampa, alguns anos atrás, foi a quantidade de gente chorando que se vê nas ruas. É muito, mas muito comum mesmo, deparar-se com um ser de nariz vermelho e olhos inchados. 99,9% dos casos, mulher, claro. E aí eu fico me questionando o que pode ter acontecido, qual a história de vida daquela pessoa, e quase sempre acabo montando um curta-metragem imaginário na minha cabeça.
E hoje eu vi uma cena bem triste no metrô. Várias pessoas discutindo com uma mulher que, pelo que pude perceber, pois peguei a história já no final, estava brigando com um senhor porque ele estava atravancando a passagem dela. Foi deprimente ver a mulher sair chorando, com os gritos de "Vai, sua estressada" ecoando pela estação.
Eu tenho vários momentos de stress total e absoluto. Seja por questões pessoais ou profissionais. Muitas vezes a mente trabalha tanto -e pra piorar, pode até ser contra você- que a sensação é de que a cabeça pode explodir a qualquer momento. Dizem que dor-de-cabeça acontece também porque você fica brigando com seus próprios pensamentos. O racional e o emocional, o sim e o não, o ficar e o partir, armam um verdadeiro campo de batalha lá dentro.
Não, eu não quero acabar como a mulher do metrô. E por isso, eu tenho tentado me controlar, ser mais calminha, menos ansiosa, menos sangria, como diz a Sil. E cuidar dos meus pensamentos e da minha saúde. Isso sim é fundamental. O resto, infelizmente, é resto.
"Não pense que eu ando atrás só de belas coisas simples. Eu quero qualquer coisa, desconexa, contraditória, insegura, não tem importância, desde que seja sua. As definições redondas e grandiloqüentes, as coisas categóricas e acabadas não me satisfazem, porque eu não sou assim", escreveu Maury Gurgel Valente para Clarice Lispector. Este blog traz excertos do cotidiano, poesias, devaneios sobre relacionamentos, cinema, literatura, música... Belas coisas simples, como eu, você e a vida.
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