O primeiro beijo.
Sabe a café, a vinho, a pasta de dentes ou a tabaco.
Tudo deveria estar nele. Tudo está nele.
Sabe-se tudo já no primeiro beijo. Se o amarás. Se te amará.
Como fará e não fará amor.
Tudo está na linguagem dos primeiros lábios.
Se te tratará mal, como será o fim.
Todo o abismo entre as almas está aí, a infinita distância entre duas línguas, o precipício entre as bocas.
Se poderá ser ou não será.
A história está escrita nos nossos lábios.
Emociona-nos tanto que nos esquecemos de a ler.
(RICO, Eugénia, "A idade secreta", Casa das Letras, Lisboa, 2006, p.30)
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