DIA 365
Termina o ano comum.
Termina o ano como
um outro qualquer. Amei
cada um dos dias que
gastei. E gostei de os
gastar. De os gostar.
E degustei as horas, as
semanas, os meses. Fui
sábio umas vezes, outras,
impaciente. Pedi-te:
dá-me a tua canção,
canta-a com os teus olhos,
os olhos do coração
irmãos da terra, irmãos
da sombra, da cal,
do sisal e do azul. Mal
me bastam as mil razões
do mel para sorrir e
para bater à porta de
cada página, procurando
no reverso, os versos da
ternura. Afago a pele
dos dias, a carne aflita
da distância. Quem
é que quer dar outro nome
às coisas que sempre
se chamaram assim,
e que assim se cantam
porque, agora, os dias
serão prova exaustiva
de coragem?
JOAQUIM PESSOA, in ANO COMUM (2011)
"Não pense que eu ando atrás só de belas coisas simples. Eu quero qualquer coisa, desconexa, contraditória, insegura, não tem importância, desde que seja sua. As definições redondas e grandiloqüentes, as coisas categóricas e acabadas não me satisfazem, porque eu não sou assim", escreveu Maury Gurgel Valente para Clarice Lispector. Este blog traz excertos do cotidiano, poesias, devaneios sobre relacionamentos, cinema, literatura, música... Belas coisas simples, como eu, você e a vida.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário