{que horas eram quando o tempo acabou?}
{que horas eram quando deixaste de
poder reproduzir clandestinamente a explicação
da conclusão do desejo infinitesimal?}
{que horas eram quando a razão de espírito
substituiu a de ciência na ocupação do abraço?}
{que horas eram quando te adiantaste à felicidade
no dia que dilui
na percepção multiforme da multidão?}
{que horas eram quando a boca simulou
o silêncio com princípios aleatórios?}
{que horas eram quando deixaste que a alma
somasse corpos e subtraísse outros?}
{que horas eram quando viver era deixar morrer
e a solidão incomunicável?}
{que horas eram quando o tempo acabou?
que horas eram?}
Sylvia Beirute
inédito
(Londres, 22 de Novembro de 2009)
"Não pense que eu ando atrás só de belas coisas simples. Eu quero qualquer coisa, desconexa, contraditória, insegura, não tem importância, desde que seja sua. As definições redondas e grandiloqüentes, as coisas categóricas e acabadas não me satisfazem, porque eu não sou assim", escreveu Maury Gurgel Valente para Clarice Lispector. Este blog traz excertos do cotidiano, poesias, devaneios sobre relacionamentos, cinema, literatura, música... Belas coisas simples, como eu, você e a vida.
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