Achei bem apropriado, diante dos tempos úmidos e inconstantes:
Volúvel como as marés.
Desinteressante como uma piscina vazia.
Certeiro como uma goteira.
Impessoal como uma pedra de gelo.
Versátil como bacia de pobre.
Traiçoeira como uma poça d´água.
Medroso como idoso em banheira.
Objetivo como esguicho de mangueira.
Sedento como um ralo.
Autêntico como um penico de ágata.
Prolixo como uma cachoeira.
Egoísta como um reservatório no verão.
Desprezada como uma bóia murcha.
Incapaz como um bueiro da periferia.
Animado como banho de criança.
Generoso como um hidrante rebentado.
Separatista como um coador.
Inoportuno como um temporal às 18h.
Absurdo como uma taxa d´água.
Exibicionista como um chafariz.
Despersonalizado como balde sem alça.
Avarento como um conta-gotas.
Convidativa como fonte à beira da estrada.
Trágico como entupimento de vaso sanitário.
Inexpugnável como o Muro da Mauá.
Sereno como orvalho na folha.
Endiabrado como um redemoinho.
Exótico como um par de galochas.
Devastador como conserto de pia.
Taciturno como um poço.
Irrecuperável como um guarda-chuva.
Esbaforido como vapor de chaleira.
Insistente como uma torneira vazando.
Íntimo como uma lágrima.
Ademir Antônio Bacca
"Não pense que eu ando atrás só de belas coisas simples. Eu quero qualquer coisa, desconexa, contraditória, insegura, não tem importância, desde que seja sua. As definições redondas e grandiloqüentes, as coisas categóricas e acabadas não me satisfazem, porque eu não sou assim", escreveu Maury Gurgel Valente para Clarice Lispector. Este blog traz excertos do cotidiano, poesias, devaneios sobre relacionamentos, cinema, literatura, música... Belas coisas simples, como eu, você e a vida.
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