Eu sempre quis um amor como aqueles de cinema, que fazem o coração bater acelerado apenas por saber que alguém, longe ou perto, pensa em você tanto quanto você nele. Quer seu bem e, mais do que tudo, quer passar a vida inteira ao seu lado. Eu pedi, muito e incessantemente, por um amor que me tirasse o chão e me levasse ao céu.
Como o universo costuma ser bem generoso comigo, tenho percebido isso, eu recebi. Primeiro um, depois o outro. Num curto espaço de um ano e meio, experimentei as mais pesadas sensações que um frágil coração, que jamais tinha amado nessa intensidade, poderia suportar. Um coração que sempre quis dar e receber, mas não se preparou para este momento. E então, quando chegou a hora de ser feliz, o coração quis dar demais, além do que havia sido solicitado e acordado entre as partes. Deu tanto, mas tanto, e de uma forma tão intensa, que acabou seco e pequenino, retorcido pelas amarras de algo que nem ele mesmo sabe definir.
O tempo passou, o danado estava quase recuperado e pronto, lá veio o amor dilacerá-lo mais uma vez. Veio com tudo: inteligência, ótimo papo, poesia, música, voz doce, um quê de classe e a sabedoria de quem entende das coisas aliado ao jeito mais brejeiro e caipira do cerrado, um raio de sol nos cabelos e a intensidade que ele sempre desejou colocada à máxima potência. Casa, comida e roupa lavada, emprego, piscina, um amor beirando o impossível e, justamente por isso, digno das melhores telas de cinema ou capas de livro, tudo isso e um pouco mais. Coração teve medo, não soube como agir diante de proposta tão arriscada e tentadora e, ao invés de aproveitar o momento, fugiu como um guri assustado diante de sua primeira grande dificuldade. Ninguém acreditou quando o BEM recusou o DOM que lhe havia sido dado. O que poucos entendem é que este coração precisa, antes de mais nada, se organizar. Preparar-se para receber o amor. Estar pronto para dar também. É o que ele mais quer. E saberá dizer sim quando estiver pronto. Quando chegar a hora.
Meu coração é o mendigo mais faminto da rua mais miserável – já disse o sabido Caio Fernando. O meu não só sente fome, como arde e lembra todos os dias aquelas madrugadas onde não havia distância, nem problema, nem conta de telefone, nem medo. Eram apenas duas almas interligadas por um sentimento único e avassalador. Talvez alguns dos melhores momentos tenham sido passados assim, à distância. O filme da garota do copo d´água não conta, é hours-concours no ranking das cenas inesquecíveis. E apenas duas pessoas neste mundo sabem como estes breves e fugazes instantes foram especiais e intensamente vividos.
Hoje, “meu coração é um anjo de pedra com a asa quebrada”. E neste momento estamos aqui, à beira-mar, fazendo a reabilitação da asa e reunindo forças e energias para mais um ano.
Nada se perdeu. Tudo que foi vivido representa o que sou hoje e me faz ainda mais forte. Mais feliz também, apesar do gosto amargo da impossibilidade. Apesar de amar desse jeito trôpego e confuso, sem saber como nem onde. Mas, mesmo quando as pernas vão vacilantes e o fardo se torna pesado, ainda assim “encho-me dum leite de versos e, sem poder transbordar, encho-me mais e mais”. Por que só sei viver e amar assim. “Como quem desaba sobre o outro como uma chuva forte”.
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Este texto utilizou frases "entre aspas" de Maiakovski, Olga Savary e claaro, Caio Fernando Abreu.
"Não pense que eu ando atrás só de belas coisas simples. Eu quero qualquer coisa, desconexa, contraditória, insegura, não tem importância, desde que seja sua. As definições redondas e grandiloqüentes, as coisas categóricas e acabadas não me satisfazem, porque eu não sou assim", escreveu Maury Gurgel Valente para Clarice Lispector. Este blog traz excertos do cotidiano, poesias, devaneios sobre relacionamentos, cinema, literatura, música... Belas coisas simples, como eu, você e a vida.
2 comentários:
Menina doce, querida e mais que amada. Esse seu texto é belissímo, digno de uma publicação no Ilustrada ou Caderno 2. É tão difícil espressar aquilo que deveras sentimos com palavras escritas; mas lhe garanto você conseguiu BEM. E o DOM deve-se sentir amado e muito feliz; por ter alguém assim tão intenso e sincero; e que se por agora não foi capaz de ir além... é por que ainda não chegou a hora. E sim; as brechas que a vida nos dá vai lhe levar ao caminho certo e que lhe fará mais que feliz.
Da amiga que lhe ama, admira e só quer o seu bem, hoje e sempre.
Então, abrindo um parênteses para falar da nossa intimidade, rs!!! Lembra-se que eu lhe disse que nos conhecemos na real dia 15/05/08; e não lhe contei que na net foi dia 16/01/08. Aliás tem um post inteirinho sobre ti nesse dia!
http://www.macabeamacabea.blogger.com.br/2008_01_01_archive.html
Quando voltas de Santos? Temos que comemorar um ano de amizade.
beijokas.
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