terça-feira, 19 de outubro de 2010

sobre as minas internas

Esse problema todo com os mineiros chilenos fez grande parte do mundo sofrer, todos assistiram de camarote o sofrimento dos coitados e, depois, felizmente, o resgate de todos, vivos e aparentemente saudáveis.

Trazendo para minha realidade, que talvez seja semelhante à sua, fiquei pensando: Caraca, os caras ficaram presos no interior de uma mina a 700 metros de profundidade, em pleno deserto do Atacama, mas graças à tecnologia e esforço da equipe de resgate e esforço e trabalho em equipe deles também, conseguiram sair praticamente ilesos após 70 dias de confinamento.

Claro que o nível dos problemas não se compara, mas vale aqui uma breve analogia sobre o caso. E eu, que tenho uma vidinha pra lá de boa, levei muuuito mais tempo para sair de algumas "minas internas" em que me menti. Talvez uma ou duas tivessem mais de 700 metros, é fato, mas precisava sofrer tanto? Como diz aquela música do Jorge Ben: "Será que vale a pena tanto sacrifício/ será que vale a pena tanto compromisso?"

A resposta é: Não, não precisava. Por isso, já prometi a mim mesma e aos anjos e santos que me guiam que serei um pouquinho mais racional daqui pra frente. O coração ainda pulsa -e como- mas vamos deixar para sofrer quando houver um motivo real e digno, né?! E aproveitar cada minuto - intensamente. Assim como esses caras, que após darem palestras, aparecerem em programas de TV e tal, certamente darão um outro sentido à vida.

Obs: A minha equipe de resgate pessoal, que inclui amigas + que queridas (Ju, Sil, Lu), as amigas do blog (Jennifer, em especial), a Nice e Silvia (chefes da equipe rs), e a todos aqueles que me ajudaram a sair do buraco, o meu muito obrigada, sempre. :-)

dialética

"Amor é isto: a dialética entre a alegria do encontro e a dor da separação. De alguma forma a gota de chuva aparecerá de novo, o vento permitirá que velejemos de novo, mar afora. Morte e ressurreição. Na dialética do amor, a própria dialética do divino. Quem não pode suportar a dor da separação não está preparado para o amor. Porque o amor é algo que não se tem nunca. É evento de graça. Aparece quando quer, e só nos resta ficar à espera. E quando ele volta, a alegria volta com ele. E sentimos então que valeu a pena suportar a dor da ausência, pela alegria do reencontro".

Rubem Alves

Concordo plenamente e sinto que a ferida aberta lá atrás está a um passo de virar cicatriz. E, sim, a gota de chuva (aquela tão aguardada) está mais perto do que se imagina. :-)