terça-feira, 24 de janeiro de 2012

quelque chose....

“Chegava em casa e quase não falava, esgueirava-se, imperceptível, a qualquer instante, como se temesse ser desmascarada. Fechada em seu quarto no final do corredor, como se esperasse que lá, em algum momento, alguma coisa aconteceria. Camilla parecia estar constantemente esperando alguma coisa, um aceno, uma carta, um sinal, alguém que chamasse o seu nome, Camilla.”


(Carola Saavedra in: Toda terça. P. 87, Ed. Companhia das Letras)

domingo, 15 de janeiro de 2012

um dia, em Paris

"Venha cá / para o abraço cruzado / dos meus grandes / braços desajeitados. / Você não quer? / Hiberne então, à parte / (no rol dos vilipêndios / marquemos: mais um X). / De qualquer modo / um dia / vou tomar-te / sozinha / ou com a cidade de Paris."

(Maiakovski)

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

nós, os passionais

Coisa mais linda o novo disco da Mariana Aydar, Cavaleiro Selvagem Aqui Te Sigo.

Aqui uma pequena amostra:

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

amor?

(...) Afinal, a definição romântica do amor como “até que a morte nos separe” está decididamente fora de moda, tendo deixado para trás seu tempo de vida útil em função da radical alteração das estruturas de parentesco às quais costumava servir e de onde extraia seu vigor e sua valorização. Mas o desaparecimento dessa noção significa, inevitavelmente, a facilitação dos testes pelos quais uma experiência deve passar para ser chamada de “amor”: Em vez de haver mais pessoas atingindo mais vezes os elevados padrões do amor, esses padrões foram baixados.

Como resultado, o conjunto de experiências às quais nos referimos com a palavra amor expandiu-se muito. Noites avulsas de sexo são referidas pelo codinome de “fazer amor”. A súbita abundância e a evidente disponibilidade das “experiências amorosas” podem alimentar (e de fato alimentam) a convicção de que amar (apaixonar-se, instigar o amor) é uma habilidade que se pode adquirir, e que o domínio dessa habilidade aumenta com a prática e a assiduidade do exercício.

Pode-se até acreditar (e freqüentemente se acredita) que as habilidades do fazer amor tendem a crescer com o acúmulo de experiências que o próximo amor será uma experiência ainda mais estimulante do que a que estamos vivendo atualmente, embora não tão emocionante ou excitante quanto a que virá depois. Essa é, contudo, outra ilusão... O conhecimento que se amplia juntamente com a série de eventos amorosos é o conhecimento do “amor” como episódios intensos, curtos e impactantes, desencadeados pela consciência a priori de sua própria fragilidade e curta duração.

As habilidades assim adquiridas são as de “terminar rapidamente e começar do início” das quais, segundo Soren Kierkegaard, o Don Giovanni de Mozart era o virtuoso arquetípico. Guiado pela compulsão de tentar novamente, e obcecado em evitar que cada sucessiva tentativa do presente pudesse atrapalhar uma outra no futuro, Don Giovanni era também um arquetípico “impotente amoroso”. Se o propósito dessa busca e experimentação infatigáveis fosse o amor, a compulsão a experimentar frustraria esse propósito. É tentador afirmar que o efeito dessa aparente “aquisição de habilidades” tende a ser, como no caso de Don Giovanni, o desaprendizado do amor - uma “exercitada incapacidade” para amar.

Trecho de "Amor Líquido", do Bauman.

domingo, 8 de janeiro de 2012

a pele dos dias, a carne aflita da distância

  DIA 365


Termina o ano comum.

Termina o ano como
 um outro qualquer. Amei
 cada um dos dias que
 gastei. E gostei de os
 gastar. De os gostar.
 E degustei as horas, as
 semanas, os meses. Fui
 sábio umas vezes, outras,
 impaciente. Pedi-te:
 dá-me a tua canção,
 canta-a com os teus olhos,
 os olhos do coração
 irmãos da terra, irmãos
 da sombra, da cal,
 do sisal e do azul. Mal
 me bastam as mil razões
 do mel para sorrir e
 para bater à porta de
 cada página, procurando
 no reverso, os versos da
 ternura. Afago a pele
 dos dias, a carne aflita
 da distância. Quem
 é que quer dar outro nome
 às coisas que sempre
 se chamaram assim,
 e que assim se cantam
 porque, agora, os dias
 serão prova exaustiva
 de coragem?

JOAQUIM PESSOA, in ANO COMUM (2011)

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

e não é que ficou fofa?



:-)

Pq a hora da faxina... é agora!

"Chega de promessas que jamais vão se cumprir. Chega de não fazer força para esquecer. Chega de lembrar do que faz doer. Chega de se culpar. Chega de acumular sofrimentos. Chega de não conseguir se perdoar. Chega de procurar sarna para se coçar. Chega de gostar de quem não dá a mínima para você. Chega de se esconder da vida. Chega de falsas amizades. Chega de gente efusiva. Chega de quem pensa que você é obrigado a ouvir. Chega de se boicotoar. Chega de não pegar a força de vontade pela mão. Chega de deixar a vida passar por você. Chega."


(Clarissa Correa, no blog de sua autoria).


É nesta vibe, com boas energias, pessoas especiais e esperanças novinhas em folha, que começamos mais um ano. Dos próximos 366 dias, que a grande maioria tenha momentos felizes, para a gente poder lembrar com saudade mais tarde.